Política

Justiça tem 79 milhões de processos sem decisão, revela balanço do CNJ

Justiça tem 79 milhões de processos sem decisão, revela balanço do CNJ Justiça tem 79 milhões de processos sem decisão, revela balanço do CNJ Justiça tem 79 milhões de processos sem decisão, revela balanço do CNJ Justiça tem 79 milhões de processos sem decisão, revela balanço do CNJ

Brasília – O número de processos à espera de uma decisão da Justiça cresceu 3,6% no ano passado e foi de 76,9 milhões para 79,7 milhões, conforme balanço divulgado nesta segunda-feira, 4, pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). No mesmo período, o Poder Judiciário custou R$ 84,8 bilhões, dos quais R$ 75,9 bilhões foram gastos com remunerações, pensões, benefícios e despesas indenizatórias.

O custo médio mensal de um magistrado foi de R$ 47,7 mil – o teto constitucional é o vencimento de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), de R$ 33,7 mil. No levantamento anterior, a média mensal de um magistrado brasileiro – juízes, desembargadores e ministros – havia sido de aproximadamente R$ 46,2 mil. O valor inclui também encargos sociais, benefícios e despesas com passagens aéreas e diárias.

Segundo o levantamento “Justiça em Números”, 27% de todos os processos em tramitação foram solucionados no período. Em média, cada juiz brasileiro sentenciou 1.749 mil casos. O balanço compilou dados de 90 tribunais: quatro cortes superiores, cinco tribunais regionais federais, 24 tribunais regionais do trabalho, 27 tribunais regionais eleitorais, 27 tribunais de Justiça e 3 tribunais de Justiça Militar estaduais.

O custo mensal por magistrado variou entre R$ 8.782, nos tribunais regionais eleitorais, e R$ 53.784 mil, na Justiça Militar. Nos tribunais superiores, a média mensal dos vencimentos foi de R$ 41.502.

A maior oscilação foi registrada nos tribunais de Justiça estaduais, onde a despesa média por mês com cada magistrado foi de R$ 49.093. Enquanto o Tribunal de Justiça do Piauí apresentou uma média de R$ 23.387, em Mato Grosso do Sul as despesas por magistrado chegaram a R$ 95.895.

Procurado pela reportagem, o TJ-MS informou que os vencimentos dos magistrados “estão dentro do teto constitucional”. “Os valores acima do teto referem-se a verbas previstas em lei e são de caráter indenizatório, devidas aos magistrados há muito tempo”, disse o tribunal.

Para o presidente Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), Jayme de Oliveira, se houver irregularidades, o próprio CNJ vai corrigi-las. “Mas, do que tem saído e a gente tem visto, não tem qualquer ilegalidade ou inconstitucionalidade”, afirmou Oliveira.

O relatório do CNJ destacou que, “apesar da expressiva despesa do Poder Judiciário”, os cofres públicos receberam durante o ano de 2016, em decorrência da atividade jurisdicional, cerca de R$ 39,04 bilhões referentes a cobranças judiciais.

Transparência

Durante a abertura do XI Encontro Nacional do Poder Judiciário ontem, em Brasília, a presidente do CNJ e do STF, ministra Cármen Lúcia, defendeu a divulgação de dados dos tribunais com transparência. “O Poder Judiciário quer se mostrar para se aperfeiçoar e com isso contamos com a colaboração da sociedade, das academias, dos órgãos. Sabemos que há números que podem ser questionados e serão”, afirmou Cármen Lúcia.

No discurso mais contundente da solenidade, o ministro Luiz Fux disse que há movimentos que procuram enfraquecer a figura do juiz. “Que nós estejamos atentos para movimentos recentes que procuram minimizar, enfraquecer a figura do juiz e a instituição do Poder Judiciário”, disse Fux.

“De sorte, que a primeira reação é através de atos de grandeza, sem dúvida alguma. E a segunda é termos a consciência de que a situação que está aí leva o Brasil ao naufrágio e só o Poder Judiciário pode levar a nossa nação a um porto seguro”, afirmou o ministro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.