Líder minimiza derrota do governo mas admite desorganização na base Líder minimiza derrota do governo mas admite desorganização na base Líder minimiza derrota do governo mas admite desorganização na base Líder minimiza derrota do governo mas admite desorganização na base
Daru Pagung durante a sessão: líder do governo há 3 anos / crédito: Ales
Daru Pagung durante a sessão: líder do governo há 3 anos / crédito: Ales

O deputado estadual Dary Pagung (PSB) aceitou ser mais uma vez líder do governo na Assembleia. Na quarta-feira antes do Carnaval (15), Dary foi chamado pelo governador no Palácio Anchieta e ouviu o convite formal – que já tinha sido anunciado na imprensa. Ele vai continuar no posto que já ocupa há dois anos e meio.

Dary terá a companhia do deputado Tyago Hoffmann (PSB) na vice-liderança, segundo ofício que o governador enviou à Ales no último dia 16. E o primeiro desafio dos dois será alinhar a base aliada que o próprio Dary admitiu que está desorganizada.

Na última sessão antes do Carnaval (15), o governo sofreu sua primeira derrota na votação de um projeto que implantava a Bolsa-Estudante para alunos da 4ª série do Ensino Médio do Estado. O deputado Fabrício Gandini (Cidadania), que até então era da base aliada, colocou uma emenda ao projeto dobrando o valor da bolsa – de R$ 400 para R$ 800.

Com o voto de alguns aliados e de toda a oposição, Gandini conseguiu aprovar sua emenda no plenário contra a orientação do Palácio Anchieta. Ainda na sessão, o comentário era de que o levante, que conseguiu impor a derrota somente porque contou com a ajuda dos aliados, seria um recado para o governo.

O deputado Vandinho Leite (PSDB) chegou a dizer que a votação seria fruto de uma política desigual entre os aliados por parte do governo, com deputados muito atendidos e outros pouco atendidos dentro da base.

Os ânimos ficaram exaltados entre Gandini e Tyago e a sessão foi derrubada, evitando que o projeto fosse votado e corresse o risco da derrota ser ainda maior.

Dary, porém, não vê o episódio como uma derrota. “Não considero que foi uma derrota do governo. Nós (base) é que não estávamos organizados naquele momento”, admitiu.

A sessão era híbrida (como todas as que acontecem na quarta-feira) e Dary não estava em plenário no momento da discussão, embora, virtualmente, tenha orientado a base a votar contra a emenda de Gandini. A base bateu cabeça e permitiu que a emenda fosse aprovada.

No dia seguinte à votação, Gandini anunciou que estava deixando a base aliada, alegando que tanto ele quanto seu partido estavam amargando um certo desprestígio por parte do governo já há muito tempo.

Nos bastidores, a eleição municipal do ano que vem também teria pesado na decisão de Gandini, uma vez que ele já prevê que não deve contar com o apoio do governo para ser candidato a prefeito de Vitória, por conta da aliança nacional entre o PSB (partido do governador) e o PT (partido da família Coser que deve disputar a prefeitura).

Parlamentares na última sessão antes do Carnaval / crédito: Ales

Chamar no cantinho

Uma das primeiras tarefas na missão de reorganizar a base será marcar uma boa conversa com Gandini, que Dary pretende agilizar a partir desta segunda-feira (27). Gandini quer deixar o blocão dos aliados, conforme já noticiou a coluna, mas Dary, que coordena o blocão, quer convencê-lo do contrário.

“Vou tentar conversar com Gandini essa semana. Ele declarou que não está na oposição, que está independente, então eu acho que tendo uma boa conversa a gente pode ter resultado”, disse Dary, enfatizando que só dependeria de Gandini permanecer na base aliada ou não.

Um “jeitinho” pra ficar feliz

Outro abacaxi pra descascar é a situação de Vandinho. O deputado ainda não superou a eleição da Mesa Diretora e continua bastante magoado por ter sido “atropelado” com a indicação do Palácio Anchieta a favor de Marcelo Santos (Podemos) para a presidência da Ales.

Vandinho é presidente do PSDB, partido do vice-governador Ricardo Ferraço, ou seja, junto com os socialistas, os tucanos formam o governo e um mal-estar com o dirigente da legenda não é algo agradável e nem que o governo queira alimentar.

Por isso, Dary também estaria atuando para atender Vandinho na última de suas queixas: a criação da CPI da Regularização Fundiária, que ficou de fora das cinco primeiras comissões protocoladas e, portanto, não teria como ser instaurada agora. Mas, Dary e o governo estão tentando “ajustar” a situação.

Questionado se previa ter mais trabalho e dificuldade nessa legislatura para defender o governo, Dary tirou por menos: “Cada legislatura é diferente. Legislatura passada eu tive muita dificuldade com as sessões online e híbridas, nessa as dificuldades são outras. A oposição aumentou um pouquinho, mas não vejo muito trabalho, vamos ter uma base consolidada para votar e aprovar os projetos do governo, eu confio nisso”.

Tem o respeito dos pares

Dary se consolidou na liderança do governo muito pelo seu perfil pacificador e respeitoso com todos os parlamentares, inclusive os da oposição. Mesmo nos momentos de embate, ele mantém a calma e tenta sempre levar para um consenso, tentando um acordo entre o governo e os colegas de plenário.

Há quem diga que lhe falta um pouco mais de firmeza para os ataques mais agressivos que o governo já sofreu e tende a sofrer nessa legislatura novamente. Isso até teria sido um impedimento na tentativa de Dary de se consolidar na disputa à presidência da Ales.

Mas, a maior parte dos aliados, e também dos opositores, prefere lidar com Dary do que com qualquer outro. Esses teriam, inclusive, levado essa preferência a Casagrande que preferiu não mexer no time.

Projeto polêmico de volta

A previsão é que o debate sobre o projeto do Bolsa-Estudante, que virou o pomo da discórdia na Assembleia entre os aliados, volte na sessão de amanhã. Os aliados trabalham com três possibilidades.

A primeira é que o governo retire o projeto de pauta. Uma outra possibilidade é o governo ceder: a Assembleia aprova o projeto com a emenda que elevou o valor do auxílio de R$ 400 para R$ 800 e o governo sanciona.

Mas tem também a possibilidade da Ales aprovar o projeto do jeito que está e, na hora de sancionar, o governo vete o artigo do valor do auxílio. Dessa forma, ele enviaria um outro projeto depois para os deputados, apenas com o valor da bolsa para ser votado na Casa.

 

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Fabiana Tostes

Jornalista graduada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e acompanha os bastidores da política capixaba desde 2011.

Jornalista graduada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e acompanha os bastidores da política capixaba desde 2011.