O presidente Luiz Inácio Lula da Silva
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A um ano das eleições, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil será “quase um 14º salário”. Em pronunciamento em rádio e TV neste domingo, 30, Lula sugeriu que os contemplados pela medida podem usar a “renda extra” para pagar uma dívida ou comprar uma televisão nova para assistir à Copa do Mundo de 2026.

“A partir de janeiro do ano que vem, o que hoje é desconto no contracheque vira dinheiro extra no bolso. Para viajar com a família. Comer o que mais gosta. Comprar presentes de Natal para os filhos. Quitar uma dívida. Adiantar uma prestação. Comprar uma televisão com tela maior para ver a Copa do Mundo no ano que vem”, discursou Lula.

A lei de isenção do IR foi sancionada pelo presidente na quarta-feira, 26, e foi uma promessa de campanha do petista. Ao longo do pronunciamento, Lula evitou usar a palavra “isenção” e preferiu falar em ”zero de imposto de renda”, mesmo termo que foi utilizado na divulgação do pronunciamento.

“Com zero de Imposto de Renda, uma pessoa com salário de R$ 4,8 mil pode fazer uma economia de R$ 4 mil em um ano. É quase um 14º salário”, disse.

O presidente destacou que a lei foi resultado de uma proposta do governo aprovada pela Câmara e pelo Senado por unanimidade.

Lula frisou que a compensação da ampliação da faixa de isenção não virá de cortes na saúde ou na educação, mas da taxação mínima de 10% sobre os “super-ricos”, que ganham mais de R$ 1 milhão por ano. “Mais do que uma correção da tabela do imposto de renda, a nova lei ataca a principal causa da desigualdade no Brasil: a chamada injustiça tributária”, declarou.

Lula voltou a usar um discurso contra os mais ricos e disse que, ao longo de 500 anos de história, a elite brasileira acumulou “mais e mais privilégios” e que, entre eles, “talvez o mais vergonhoso seja o de pagar menos IR do que a classe média e os trabalhadores”.

Lula disse que, hoje, quem “vive do suor do seu trabalho e constrói de fato a riqueza deste País” paga até 27,5% em IR, já “quem vive de renda” paga apenas 2,5%, em média. “Quem mora em mansão, tem dinheiro no exterior, coleciona carros importados, jatinhos particulares e jet-skis paga dez vezes menos do que uma professora, um policial ou uma enfermeira.”

O presidente classificou a situação como “inaceitável” e disse que “era preciso mudar”. Acrescentou que a mudança no IR é um passo decisivo para transformar a realidade da desigualdade no Brasil, mas que foi apenas o primeiro.

Na reta final do pronunciamento, o presidente destacou conquistas alcançadas ao longo dos três anos do atual mandato. Entre elas, citou que o País voltou a figurar entre as dez maiores economias do mundo, que o salário mínimo voltou a subir acima da inflação e que houve aumento do Plano Safra e dos recursos para a agricultura familiar.

“Podem ter certeza de que não vamos parar por aí. O que nós queremos é que a população brasileira tenha direito à riqueza que produz com o suor do seu trabalho. Seguiremos firmes combatendo os privilégios de poucos para defender os direitos e as oportunidades de muitos.”