O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usou parte de seu discurso na abertura da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) para criticar diretamente o governo Donald Trump pela adoção de medidas “unilaterais e arbitrárias” contra instituições brasileiras.
O presidente dos Estados Unidos devolveu na mesma moeda e criticou o que chamou de perseguição política no Brasil. Mesmo assim, Trump anunciou que terá um encontro com Lula na próxima semana.
Em sua 10ª participação, Lula abriu a sessão de debates da assembleia das Nações Unidas. A cerimônia marca os 80 anos da ONU. Trump falou na sequência. Ao deixar o plenário da ONU, os dois presidentes se encontraram e marcaram o encontro.
Na véspera da fala de Lula na ONU, o governo Trump anunciou uma nova leva de sanções a autoridades do poder Executivo e do Judiciário brasileiro. Como o Estadão mostrou, Lula calibrou seu discurso para contestar as “agressões” americanas.
“Não há justificativa para as medidas unilaterais e arbitrárias contra nossas instituições e nossa economia”, disse Lula em seu discurso.
“Essa ingerência em assuntos internos conta com auxílio da extrema direita e de antigas hegemonias”, criticou o petista.
O presidente também mencionou a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e disse que houve um processo “minucioso”, com amplo direito de defesa que não existe nas ditaduras.
“O Brasil deu um recado a todos os candidatos a autocratas e àqueles que os apoiam”, disse o petista.
Lula afirmou que a soberania do Brasil é inegociável e que seguiremos como povo independente e “livre de qualquer tipo de tutela”, ante a demanda de Trump para que o processo contra Bolsonaro fosse abandonado.
A comitiva de Lula no plenário foi composta pela primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, pelos ministros Mauro Vieira (Itamaraty), Ricardo Lewandowski (Justiça) e pelos embaixadores Celso Amorim, assessor especial da Presidência, e Sérgio Danese, representante permanente do País na ONU.
Eles e servidores da Presidência puxaram palmas para Lula em vários momentos do discurso do presidente.
Trump critica perseguição política no Brasil
Depois de 40 minutos de discurso, Trump citou as sanções impostas por seu governo contra o Brasil.
Trump criticou o que chamou de perseguição política no Brasil. Segundo o presidente americano, o País está “enfrentando grandes respostas a seus esforços sem precedentes de interferir nos direitos e liberdades de cidadãos americanos”.
Para Trump, esse propósito contou com a ajuda de administrações anteriores dos Estados Unidos, em especial a de Joe Biden.
Além disso, Trump insistiu na tese de que as taxas adicionais a produtos do Brasil visam corrigir distorções tarifárias contra a economia estadunidense.
O presidente americano afirmou que abraçou Lula antes de discursar, quando marcaram o encontro da próxima semana.
“Ele me parece um homem muito bom. Ele gostou de mim, eu gostei dele”, disse Trump sobre Lula.