Política

Mais de 300 prefeituras do RS devem paralisar atividades amanhã

Mais de 300 prefeituras do RS devem paralisar atividades amanhã Mais de 300 prefeituras do RS devem paralisar atividades amanhã Mais de 300 prefeituras do RS devem paralisar atividades amanhã Mais de 300 prefeituras do RS devem paralisar atividades amanhã

Porto Alegre – Mais de 300 prefeituras gaúchas devem paralisar as atividades nesta sexta-feira, 25, para protestar contra o efeito-dominó da crise enfrentada pela União e pelo Rio Grande do Sul. O objetivo é chamar a atenção para as dificuldades dos municípios, que sofrem com a diminuição na arrecadação e com o atraso no repasse de verbas federais e estaduais.

A Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) explica que pelo menos 470 das 497 cidades do Estado vão aderir à mobilização, chamada de Movimento do Bolo – em referência à fatia destinada aos municípios na divisão do “bolo tributário”. Nem todas, no entanto, fecharão as portas. A prefeitura de Porto Alegre, por exemplo, terá um dia normal de atividades, mas fará uma manifestação em frente à sede do Poder municipal, na parte da manhã, com distribuição de panfletos para conscientizar a população.

Em outras regiões, prefeitos pretendem fazer concentrações em algumas rodovias, com faixas e cartazes. A Famurs garante que os serviços essenciais de saúde, educação e coleta de lixo funcionarão normalmente. “O ato não é contra os governos federal e estadual, mas a favor dos municípios”, afirma o presidente da Famurs, Luiz Carlos Folador.

Ele reclama do fato de as prefeituras terem cada vez mais obrigações previstas na Constituição – que se traduzem em despesas -, mas fiquem com apenas 18% do montante de recursos arrecadados com impostos, enquanto Estados recebem 25% do “bolo” e a União, 57%. Ele também alerta para a queda na arrecadação, por conta do desaquecimento da economia. Dados apresentados pela Famurs indicam que em 2015 a verba oriunda do ICMS e do Fundo de Participação dos Municípios terá uma redução de R$ 776 milhões com relação ao montante inicialmente previsto.

Como a diminuição da arrecadação, as prefeituras são favoráveis à iniciativa de aumento da carga tributária. Na última terça-feira, muitos prefeitos estiveram na Assembleia Legislativa gaúcha, em Porto Alegre, e comemoraram a aprovação do projeto que eleva alíquotas de ICMS a partir de 2016. A estimativa é que a medida garanta uma receita extra de R$ 764 milhões ao ano para os municípios.

A crise financeira vivida pelo Rio Grande do Sul tem levado o governo estadual a postergar uma série de repasses às prefeituras. Um dos objetivos da mobilização prevista para esta sexta-feira no Estado é exigir o pagamento de R$ 259 milhões que estão em atraso, relativos a verbas de saúde, transporte escolar e assistência social.

Além disso, os gestores municipais querem pressionar o Congresso para aprovar o Projeto de Emenda Constitucional (PEC) do Pacto Federativo, que proíbe a criação de novas atribuições aos municípios sem a indicação de fonte de recurso. Mesmo sabendo que o governo federal está em pleno processo de ajuste fiscal, os prefeitos também esperam obter da União a antecipação de recursos para que as prefeituras possam fechar as contas este ano.

Corte de gastos

Para combater a crise, as prefeituras gaúchas estão enxugando a máquina pública. As medidas incluem a restrição de viagens e horas extras, a redução de despesas administrativas, o corte de contratos de publicidade e a diminuição do número de secretarias e funcionários em cargos de confiança. A redução da jornada de trabalho, com a adoção de turno único, é outra estratégia adotada. Num estudo feito pela Famurs em setembro, 108 dos 181 prefeitos entrevistados alegaram que terão dificuldade de quitar todos os compromissos do município até o final do ano.