Política

"Medidas impedem exercício do mandato", diz Marcos do Val

Senador foi alvo da Polícia Federal assim que desembarcou da viagem que fez aos Estados Unidos; medidas incluem uso de tornozeleira eletrônica e bloqueio de contas bancárias

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Marcos do Val, senador
Foto: Andressa Anholete/Agência Senado

O senador do Espírito Santo Marcos do Val (Podemos) disse que as medidas cautelares impostas a ele pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes “impedem o pleno exercício do seu mandato”.

Cumpre esclarecer que o senador Marcos Do Val sequer é réu ou foi condenado em qualquer processo. As medidas impostas impedem o pleno exercício do seu mandato.

Marcos do Val via assessoria de imprensa.

Polícia Federal cumpriu as ordens do magistrado na manhã desta segunda-feira (4), no momento em que o parlamentar desembarcou no Brasil após voltar de uma viagem aos Estados Unidos que fez sem autorização.

As restrições incluem uso de tornozeleira eletrônica com recolhimento domiciliar noturno, cancelamento do passaporte diplomático, bloqueio das contas bancárias, cartões e chaves Pix, e proibição do uso de redes sociais.

Moraes também determinou que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), bloqueie o pagamento de salários e verbas de gabinete de Marcos do Val.

Em nota enviada à reportagem, o parlamentar disse que a sua defesa “acompanha o caso de perto e adotará as medidas jurídicas cabíveis para garantir o pleno respeito aos direitos e garantias constitucionais assegurados a qualquer cidadão, em especial a um senador em pleno exercício do mandato”.

O senador também afirma ter “confiança nas instituições democráticas e no devido processo legal” e reafirmou o compromisso com “a verdade, a transparência e com a sua missão parlamentar representando o povo capixaba”.

A defesa de Do Val também se manifestou sobre o caso. Em nota enviada ao Estadão, os advogados repudiaram “a narrativa de que teria havido descumprimento de medida cautelar imposta pelo Supremo Tribunal Federal”.

“Em nenhum momento o Senador esteve proibido de se ausentar do País, tampouco representou risco de fuga, já que comunicou previamente sua viagem à Presidência do Senado Federal e ao próprio STF”, afirmaram.

Os bloqueios das contas pessoais e verbas de gabinete também foram criticados. Para a defesa, as medidas “ultrapassam os limites da razoabilidade” ao “inviabilizar o exercício do mandato” e atingir a família do senador.

“A defesa confia que o Senado Federal adotará medidas firmes para restaurar a normalidade institucional e resguardar as garantias indispensáveis ao exercício do mandato parlamentar”, finalizam.

Marcos do Val driblou bloqueio para viajar

O senador teve os passaportes apreendidos em uma operação anterior da PF para não poder deixar o país, mas conseguiu viajar com um documento que não foi apreendido à época.

Do Val saiu do Brasil por Manaus (AM) na noite do último dia 23 com o passaporte diplomático, apesar de haver uma ordem de apreensão do documento enquanto durarem as investigações contra ele.

Não estou aqui fugindo, estou curtindo e dando atenção à minha filha no parque Universal Orlando. Alexandre de Moraes recebeu com 15 dias de antecedência informações de onde eu estaria, qual era o meu voo, o hotel que eu estou e até os ingressos que eu comprei”, afirmou o senador em vídeo gravado nos Estados Unidos.

Em agosto do ano passado, Moraes determinou a apreensão dos passaportes de do Val, inclusive o diplomático, e o bloqueio de R$ 50 milhões da conta dele.

À época, a PF cumpriu mandados em endereços do senador em Vitória com objetivo de apreender o passaporte diplomático. No entanto, o documento não foi retido, porque estaria no gabinete de do Val, em Brasília.

Julia Camim

Editora de Política

Atuou como repórter de política nos veículos Estadão e A Gazeta. Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa, é formada no 13º Curso de Jornalismo Econômico do Estadão em parceria com a Fundação Getúlio Vargas.

Atuou como repórter de política nos veículos Estadão e A Gazeta. Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa, é formada no 13º Curso de Jornalismo Econômico do Estadão em parceria com a Fundação Getúlio Vargas.