Metade dos deputados federais capixabas apoia CPI da Petrobras Metade dos deputados federais capixabas apoia CPI da Petrobras Metade dos deputados federais capixabas apoia CPI da Petrobras Metade dos deputados federais capixabas apoia CPI da Petrobras
Câmara dos DeputadosFoto Luiz AlvesData 07-08-09
Câmara dos DeputadosFoto Luiz AlvesData 07-08-09

A base aliada de Bolsonaro na Câmara Federal está prestes a conseguir as 171 assinaturas necessárias para a criação da CPI da Petrobras – ou “CPI dos Preços dos Combustíveis”, como a base a batizou. Até o fechamento desta edição, eram 121 assinaturas, incluindo as de deputados capixabas.

Consultados pela coluna “De Olho no Poder”, pelo menos quatro, dos 10 deputados da bancada capixaba, declararam apoio à CPI. São eles: Amaro Neto (Republicanos), Soraya Manato (PTB), Neucimar Fraga (PP) e Evair de Melo (PP).

Amaro disse que atendeu a um pedido do Republicanos. “A liderança do partido pediu assinatura e já assinamos”, afirmou. Soraya não só assinou como ainda postou o “recibo” nas redes sociais. “Meu total apoio à criação da CPI da Petrobras. Vamos em frente!”, escreveu a deputada. Neucimar declarou apoio e disse que iria assinar, e Evair, vice-líder do governo na Câmara, garantiu ter assinado e disse ainda que “a casa da oposição iria cair”.

“CPI a gente sabe onde começa, mas nunca onde termina. Imagina abrir a caixa preta da sede (da Petrobras) em Vitória? Vamos comparar os números dos últimos três anos com anos anteriores. Investigar a Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro)”, afirmou, entusiasmado, Evair.

A criação da Comissão Parlamentar de Inquérito foi proposta pelo deputado Altineu Côrtes (PL-RJ), líder do PL na Câmara, e por outros deputados, após Bolsonaro e o presidente da Câmara Federal, Arthur Lira (PP), cogitarem a possibilidade na semana passada. A maioria dos parlamentares que assinou a criação da CPI, até a noite de ontem (22), é do PL – mesmo partido de Bolsonaro.

O requerimento pede 120 dias para analisar “supostas irregularidades no processo de definição de preços dos combustíveis e derivados de petróleo no mercado interno” e foi motivada após mais uma alta dos combustíveis registrada na sexta-feira passada.

“O país assiste estupefato à escalada sem precedentes dos preços dos combustíveis e produtos relacionados, o que tem impacto direto sobre a inflação e, naturalmente, gera prejuízos à população”, diz trecho do requerimento.

Uma CPI precisa ter um objeto determinado para investigar, no que os autores definiram como: “a conduta da Diretoria e do Conselho da Petrobras em relação à motivação de suas deliberações na definição da política de preços dos combustíveis; a instituição do modelo de gestão da estatal; os motivos do endividamento da companhia e gerenciamento do passivo; o impacto da concessão de benefícios corporativos sobre os preços praticados e o modelo tributário incidente nos combustíveis e demais produtos derivados do petróleo e os efeitos decorrentes da sonegação fiscal nos preços praticados”.

Tanto o presidente como a maioria dos conselheiros da Petrobras são indicados pelo presidente da República. Na segunda-feira (20), após um final de semana de pressão por parte de Bolsonaro e de Lira, o então presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, pediu demissão. O conselheiro Fernando Borges assumiu interinamente a função.

Embora num primeiro momento a oposição tenha dito que iria apoiar a CPI, os parlamentares contrários a Bolsonaro não assinaram o requerimento proposto pelo líder do PL. Questionado, o deputado Helder Salomão (PT) disse que assinaria uma CPI proposta pela oposição: “Vou assinar o pedido de CPI da Petrobras que será apresentado pela oposição. A CPI da Petrobras do Bolsonaro é uma cortina de fumaça para tentar desviar a atenção do povo brasileiro dos altos preços dos combustíveis e da incompetência do seu governo. Não adianta trocar o presidente da Petrobras. Temos que trocar o presidente do Brasil”, afirmou.

Paulo Foletto (PSB) disse que iria definir sua posição com o partido. “Por mim, não assinarei. Sou contrário. Na época do petróleo, que foi muito mais grave, virou um circo. Acordos e esquemas pra todo lado. Não vejo motivo. É só para desviar o foco”, afirmou.

Da Vitória (PP) e Norma Ayub (PP) também disseram que iriam analisar com o partido. Embora o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP), seja um dos maiores entusiastas do requerimento, poucos parlamentares do partido tinham assinado até ontem.

O deputado Felipe Rigoni (União) disse que ninguém havia pedido assinatura para ele ainda e que analisaria o requerimento. Já Lauriete (PSC) não respondeu aos contatos da coluna, mas há parlamentares do seu partido entre os apoiadores da criação da comissão.

Mesmo quem não é da oposição avalia que o calendário eleitoral – em menos de um mês abre-se o prazo para as convenções partidárias – vai se impor e a CPI não deve sair do papel.

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A “Geni” da situação

Já tem alguns dias que o ex-governador Paulo Hartung tem criticado as ações do governo federal e do Congresso com relação à crise que se instalou no país envolvendo as lideranças políticas e o preço dos combustíveis.

“Querer apresentar a Petrobras como a ‘Geni’ da situação é abusar da boa-fé dos brasileiros. O Executivo e o Congresso deveriam admitir que o país está fraco perante o mundo e que os problemas são outros: Real enfraquecido, inflação acima de dois dígitos e o petróleo em alta. (…) Subsidiar combustíveis fósseis em pleno desafio climático é o fim da picada! A ajuda para as famílias pobres, mais afetadas pela carestia, deve sair do Orçamento público e não de intervenções políticas/eleitoreiras. Por uma Petrobras com diretoria e conselhos profissionalizados”, escreveu o ex-governador em duas postagens seu Twitter, na segunda-feira.

Na semana passada, ele já tinha feito duras críticas ao projeto que impõe um teto ao ICMS dos combustíveis nos estados. “Essas medidas eleitoreiras relativas aos combustíveis contribuem fortemente para aprofundar a desorganização do país. O resultado será pífio, mas com efeitos colaterais graves, como o desabastecimento e problemas fiscais. É a verdadeira marcha da insensatez!”, avaliou, também em postagem de rede social.

Fabiana Tostes

Jornalista graduada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e acompanha os bastidores da política capixaba desde 2011.

Jornalista graduada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e acompanha os bastidores da política capixaba desde 2011.