Política

Ministro do STF diz que delação premiada 'está na berlinda'

Ministro do STF diz que delação premiada ‘está na berlinda’ Ministro do STF diz que delação premiada ‘está na berlinda’ Ministro do STF diz que delação premiada ‘está na berlinda’ Ministro do STF diz que delação premiada ‘está na berlinda’

São Paulo – O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Ayres Britto avalia que o mecanismo de delação premiada, por ser novo ainda no Brasil, “está na berlinda”, mas acredita que é algo positivo para a democracia brasileira. “A delação está na berlinda, está sob o olhar aceso dos escritórios. Não quero antecipar juízo técnico, porém não posso deixar de dizer que ela tem cumprido a função de desvendamento”, disse após participar de um debate sobre reforma política, promovido pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e pela TV Cultura.

Usada mais intensamente nos processos de investigação a partir da operação Lava Jato, da Polícia Federal, que apura desvios bilionários da Petrobras, a delação tem sido alvo de embates jurídicos, em especial a partir de argumentações da defesa contra o mecanismo. Advogados têm reclamado, por exemplo, de não terem acesso às delações. Depoimentos do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa têm trechos sob sigilo depois de o processo ter sido encaminhado para o STF por envolver nomes de políticos com foro privilegiado.

Ayres Britto acredita que o mecanismo precisa passar por uma análise jurídica profunda para ser aprimorado e reforçado, de forma a garantir o direito ao contraditório e o amplo direito à defesa. Mas o ex-ministro avalia que isso não significa que a operação Lava Jato possa retroceder, com prejuízo à investigação. “O Brasil de hoje está fazendo uma viagem sem volta na direção da seriedade, da tecnicalidade, da objetividade. A democracia é isso, um processo de ganho de funcionalidades, não há riscos de retrocesso.”

O ex-ministro, que presidiu o Supremo à época do julgamento do mensalão, diz que o processo foi um “divisor de águas” para o País e que a Lava Jato é uma “sequência dessa compreensão geral de que o Brasil leva jeito, desde que se disponha a passar a limpo o seu cotidiano institucional”

“Estamos vivendo um momento que se caracteriza por um intercruzar de sentimentos aparentemente contraditórios. De um lado a sociedade fica desalentada com notícias como essas que estão vindo à luz, do chamado Petrolão, mas todos ficamos alentados com a percepção clara de que as instituições estão funcionando.Nunca tivemos uma Polícia Federal tão independente politicamente e tão preparada tecnicamente. Diga-se o mesmo do Ministério Público e do Poder Judiciário, isso é um alento”, completou.