Política

Ministro do TCU critica demora da Petrobras em entregar documentos

A Petrobras deixou de entregar, no prazo acertado, a estimativa de custos e a memória de cálculo do empreendimento, alegando que "elementos ainda não haviam sido finalizados"

Ministro do TCU critica demora da Petrobras em entregar documentos Ministro do TCU critica demora da Petrobras em entregar documentos Ministro do TCU critica demora da Petrobras em entregar documentos Ministro do TCU critica demora da Petrobras em entregar documentos
TCU diz que Petrobras obstruiu investigações sobre as obras da Refinaria Abreu e Lima Foto: R7

Brasília – O Tribunal de Contas da União (TCU) acusa a Petrobras de obstruir investigações da corte sobre obras na Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, mesmo após as irregularidades apontadas na Operação Lava Jato, deflagrada em março do ano passado. O ministro Benjamin Zymler pediu nesta quarta-feira, 3, que o tribunal investigue quem são os “responsáveis pela sonegação de documentos, pela obstrução ao livre exercício de auditoria e pela suposta fragilidade no processo de orçamentação da Petrobras, verificadas em fiscalização realizada nas obras de construção da refinaria”.

Zymler é relator do processo que analisa licitação para contratar o remanescente das obras da Unidade de Abatimento de Emissões Atmosféricas (SNOX) em Abreu e Lima. A Petrobras deixou de entregar, no prazo acertado, a estimativa de custos e a memória de cálculo do empreendimento, sob o argumento de que “tais elementos ainda não haviam sido finalizados e estavam na fase de ‘possíveis ajustes'”. O material foi entregue ontem (2), mas o ministro alega que o trabalho da corte já está prejudicado.

“Tais fatos revelam-se graves, principalmente diante do histórico recente da companhia. Como é cediço, a Petrobras tem enfrentado dificuldades econômicas que podem ser reputadas, dentre outros aspectos, a práticas indevidas na condução de suas licitações e contratos e à fragilidade de seus procedimentos de governança”, criticou Zymler, citando as providências anunciadas pela estatal após a Lava Jato.

Na operação, a Polícia Federal a o Ministério Público Federal identificaram um esquema de superfaturamento e pagamento de propinas envolvendo obras da companhia, entre elas as de Abreu e Lima.

“Causa espécie que a entidade, mesmo diante das cobranças da sociedade e dos compromissos assumidos por maior transparência e compliance, sonegue documentos ao TCU e convoque licitação sem que tenha sequer concluído o seu orçamento estimado do objeto”, acrescentou Zymler.

O ministro argumenta que os auditores da corte não conseguiram analisar documentos importantes sobre a “legalidade e a economicidade do certame, em tempo oportuno para sugerir correções e propor eventual medida cautelar de suspensão”. “O tribunal terá pouco tempo disponível para examinar a conformidade da licitação e, eventualmente, tutelar preventivamente o interesse público, antes da finalização da contratação”, afirmou.

O ministro determinou a identificação dos responsáveis pela suposta obstrução do trabalho para que sejam ouvidos em audiência e, eventualmente, o tribunal adote providências contra eles. Procurada na tarde de hoje, a Petrobras ainda não se manifestou sobre o caso.