Política

Ministros do STF divergem sobre impacto da reforma em julgamento de doações

Ministros do STF divergem sobre impacto da reforma em julgamento de doações Ministros do STF divergem sobre impacto da reforma em julgamento de doações Ministros do STF divergem sobre impacto da reforma em julgamento de doações Ministros do STF divergem sobre impacto da reforma em julgamento de doações

Brasília – Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) divergem sobre se a aprovação de um texto no Congresso que autoriza o financiamento privado de campanha inviabiliza um julgamento sobre o tema na Corte. A proposta aprovada em primeiro turno pela Câmara é uma emenda à Constituição, o que poderia inviabilizar a ação que julga a constitucionalidade do financiamento privado no Supremo.

Para o ministro Marco Aurélio Mello, a ação no Supremo “voltará à estaca zero” se o Congresso aprovar a emenda final. Antes de entrar em vigor, o texto deve passar por uma nova votação no plenário da Câmara e pelo crivo do Senado Federal. Para o ministro, se a aprovação da emenda no Congresso ocorrer antes de o Supremo concluir o julgamento, a “Adin ficará prejudicada”.

A discussão da ação direta de inconstitucionalidade que discute o tema está parada há mais de um ano, por um pedido de vista do ministro Gilmar Mendes. O ministro já avisou, no entanto, que deve liberar o caso até o fim de junho para retomar os debates. Como o Supremo entra em recesso no início de julho, o tema deverá voltar a julgamento apenas no segundo semestre deste ano.

Já o ministro Luiz Fux acredita que não há prejuízo do julgamento pois a ação proposta pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) é mais ampla do que a proposta de emenda debatida no Congresso. “A discussão pode, eventualmente, esvaziar a ADI, mas acredito que elas têm objetos diferentes”, afirmou Fux.

Os ministros Teori Zavascki e Celso de Mello acham precipitado o debate e avaliam que é necessário aguardar os desdobramentos do processo legislativo para avaliar o andamento da ação no Supremo. “Não se concluiu ainda o processo de reforma constitucional nesse ponto. Há ainda a necessidade de votação em segundo turno”, afirmou Mello, decano do STF. Para ele, após os desdobramentos no Legislativo será possível saber o reflexo no processo. A análise é a mesma do ministro Teori Zavascki: “Ainda foi primeiro turno. Acho precipitado comentar sobre isso (se haverá impacto) neste momento”.

Já para o ministro Luís Roberto Barroso, a permissão para financiamento empresarial de campanhas pode ser prevista na Constituição, mas é preciso haver uma regulamentação da participação das empresas. “Uma regulamentação que não imponha limites mínimos de decência política e de moralidade administrativa será inconstitucional. A decisão desses limites deve constar em lei. Mas, não havendo lei, se houver uma imoralidade administrativa ou uma possibilidade totalmente antirrepublicana eu acho que o Supremo pode e deve declarar inconstitucionalidade”, afirmou o ministro.

Nesta quinta, o presidente nacional da OAB, Marcus Vinícius Coêlho, defendeu ao jornal O Estado de S. Paulo que o julgamento no Supremo tenha continuidade mesmo se a emenda for aprovada nas duas casas legislativas. Isso porque os ministros da Corte que já votaram pela inconstitucionalidade do financiamento privado, seis dos onze magistrados, têm considerado que o modelo fere o princípio democrático, uma das cláusulas pétreas da Constituição Federal.