Política

Molina questiona divulgação pela PGR de gravação 'nitidamente corrompida'

Molina questiona divulgação pela PGR de gravação ‘nitidamente corrompida’ Molina questiona divulgação pela PGR de gravação ‘nitidamente corrompida’ Molina questiona divulgação pela PGR de gravação ‘nitidamente corrompida’ Molina questiona divulgação pela PGR de gravação ‘nitidamente corrompida’

Brasília – O perito Ricardo Molina, contratado pela defesa do presidente Michel Temer, questionou a atitude da Procuradoria-Geral da República (PGR) e rebateu trechos divulgados pela PGR sobre o diálogo entre Temer e o executivo da JBS Joesley Batista. Molina disse que é preciso responder a razão da PGR ter se apressado na divulgação do áudio, que classificou como “imprestável”. “A pergunta que fica é por que a Procuradoria se apressou a divulgar uma gravação tão nitidamente corrompida?”, indagou o perito.

Em mais um momento de claro embate com a PGR, Molina contestou um dos trechos constatados pela procuradoria. Segundo ele, a que expressão “todo mês” na verdade é “tô no meio”. “E no trecho seguinte não se escuta nada. Não há sequência lógica na conversa”, afirmou Molina, em uma coletiva de imprensa, ao lado do advogado Gustavo Guedes.

Na conversa com Temer, segundo a PGR, o delator diz que tem procurado manter boa relação com o deputado Eduardo Cunha mesmo após sua prisão e que “Temer confirma a necessidade dessa boa relação”. “Tem que manter isso, viu?”, afirma o presidente em áudio gravado por Joesley. “Joesley fala de propina paga todo mês, também ao Eduardo Cunha, acerca da qual há a anuência do presidente”, disse o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao pedir a abertura de inquérito ao STF.

Coletiva

O advogado Gustavo Guedes afirmou que a coletiva com Molina seria apenas técnica e não jurídica. Segundo Guedes, o perito faria uma apresentação para mostrar que há “trechos omissos” no áudio em que o presidente é flagrado com o executivo da JBS, Joesley Batista. Guedes explicou que o laudo foi contratado pelo advogado de Temer, Antonio Mariz, e que a contratação se deveu a informações de que teriam cortes na gravação.

Segundo ele, é preciso esclarecer ao País essa situação “envolvendo a gravação e os trechos omissos”. Guedes disse ainda que Molina falará na coletiva de hoje e que, se for o caso, amanhã ele e Mariz podem falar novamente sobre a estratégia jurídica. “Hoje não é uma coletiva jurídica, amanhã Dr. Mariz virá e podemos falar novamente.”

Molina disse que, se a gravação não tivesse problemas, não estaria sendo discutida. “Os problemas são detectados até pelos leigos”, afirmou. O perito disse ainda que “causa estranheza” a gravação ter sido feita com gravador “tão vagabundo” e que, apesar de não querer entrar em teorias conspiratórias, a gravação está “inteiramente contaminada”. “Em processo normal, essa gravação sequer seria considerada como prova”, disse, ressaltando que o áudio está contaminado “por interrupções e mascarado por ruídos”.

Molina disse ainda que não existe prova mais ou menos boa. “Ela deveria ter sido considerada imprestável desde o primeiro momento”, afirmou. Segundo o perito, não é possível provar nada, porque a “prova é imprestável”.

Molina criticou também o que chamou de “profusão caótica de opiniões”. “Todo mundo virou perito no País”, disse.