MPF investiga atraso em obra de escola quilombola em São Mateus MPF investiga atraso em obra de escola quilombola em São Mateus MPF investiga atraso em obra de escola quilombola em São Mateus MPF investiga atraso em obra de escola quilombola em São Mateus
Foto: Reprodução/Google Street View
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O Ministério Público Federal (MPF) instaurou inquérito civil para acompanhar a situação da Escola Pluridocente Municipal de Nova Vista, cuja construção, iniciada em 2014, segue inacabada na comunidade quilombola de Nova Vista, em São Mateus, norte do Espírito Santo.

A obra foi financiada com R$ 500 mil em recursos federais, oriundos de emenda parlamentar do então deputado federal Dr. Jorge Silva, dos quais R$ 130 mil já foram repassados ao município.

No entanto, a cidade pode perder o investimento caso não adote providências para retomar a construção, visto que o prazo para utilização da verba vence em 28 de novembro de 2025.

A abertura do inquérito ocorreu após a administração municipal deixar de responder a pedidos de informação e não cumprir recomendação expedida pelo MPF em maio deste ano.

Em nota, a Prefeitura de São Mateus informou que protocolou a documentação necessária no último dia 3.

O caso também foi encaminhado ao Núcleo de Combate à Corrupção da Procuradoria da República no Espírito Santo, para apurar possível prática de improbidade administrativa por parte de gestores municipais.

Segundo o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), a obra está paralisada em razão de um pedido de reformulação feito pela própria prefeitura. Apesar do prazo, o município não corrigiu as pendências técnicas exigidas, como adequações de acessibilidade e prevenção de incêndios.

A procuradora da República Gabriela Câmara destacou que a situação representa “grave descaso do município de São Mateus, por meio da Prefeitura e da Secretaria Municipal de Educação, em relação aos direitos das comunidades quilombolas, em especial ao direito constitucional à educação garantido àquela população”.

O MPF informou ainda que, apesar de alertas feitos desde janeiro de 2025 e de reiteradas tentativas de contato, a prefeitura apresentou apenas informações vagas e insuficientes sobre o andamento da construção.

O que diz a Prefeitura de São Mateus

Em nota, a prefeitura, por meio da Secretaria de Educação de São Mateus, disse que, no último 3, protocolou formalmente no MPF toda a documentação sobre a obra, acompanhada de pedido de prorrogação de prazo para a execução do Termo de Compromisso firmado em 2018.

O acordo se deu após quatro anos de construção paralisada em razão de “pendências técnicas e documentais junto ao FNDE”.

No entanto, a prefeitura alega que apenas em fevereiro deste ano pôde retomar as etapas de acompanhamento e gestão do processo no sistema do Fundo.

“Desde então, a administração municipal realizou vistoria no local, elaborou documentação técnica e buscou inserir as informações no Sistema Integrado de Monitoramento (SIMEC). Após diversas tentativas, o sistema foi liberado em 22 de agosto de 2025, possibilitando o envio das respostas às diligências”.

A gestão também ressaltou que reconhece a importância da escola para a comunidade quilombola e toda a cidade. “Por isso, mantém total compromisso em atender às exigências técnicas do FNDE, garantindo a regularização do processo e a retomada da construção”.

“A Prefeitura de São Mateus seguirá colaborando integralmente com os órgãos de controle e com o Ministério Público Federal, em regime de transparência e responsabilidade, reafirmando que a educação é prioridade e que a conclusão da escola de Nova Vista é considerada essencial para garantir o direito constitucional à educação àquela comunidade”, conclui.

Julia Camim

Editora de Política

Atuou como repórter de política nos veículos Estadão e A Gazeta. Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa, é formada no 13º Curso de Jornalismo Econômico do Estadão em parceria com a Fundação Getúlio Vargas.

Atuou como repórter de política nos veículos Estadão e A Gazeta. Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa, é formada no 13º Curso de Jornalismo Econômico do Estadão em parceria com a Fundação Getúlio Vargas.