Eleições 2026

“Não estamos discutindo outro nome”, diz Coser após Nésio entrar na disputa ao governo

O deputado federal Helder Salomão é o nome do PT para disputar o governo do ES; ex-secretário da Saúde quer disputar o cargo se Helder recuar

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Helder e Coser durante evento do PT (foto: Rodrigo Gavini)
Helder e Coser durante evento do PT (foto: Rodrigo Gavini)

O deputado e presidente estadual do PT, João Coser, afirmou que o partido não está debatendo outro nome para o governo do Estado que não seja o do deputado federal Helder Salomão (PT), lançado pré-candidato durante o Encontro Estadual do PT, que ocorreu no último sábado (13).

“Nós não estamos discutindo outro nome. O Helder se colocou, é a maior liderança eleitoral do partido, é o melhor candidato que tem pra discutir. O cenário hoje é de construção da candidatura. Sempre na política se tem vários caminhos, mas neste momento não discutimos nenhum outro caminho a não ser o da candidatura dele”, afirmou Coser em entrevista à coluna De Olho no Poder.

A fala vem após Helder impor algumas condições para aceitar ser candidato e também do ex-secretário de Saúde do Espírito Santo Nésio Fernandes (PCdoB) colocar o nome para jogo na disputa pelo Palácio Anchieta.

Conforme a coluna noticiou ontem, Helder afirmou que se não tiver o apoio do presidente Lula e do diretório nacional do PT não será candidato ao governo e irá para a reeleição – em 2022, Helder foi o deputado federal mais votado do Estado.

A coluna também mostrou que, para que o campo progressista não fique órfão de um palanque majoritário que defenda Lula e os candidatos de esquerda, Nésio colocou o nome à disposição. Seu partido (PCdoB) é federado com o PT e com o PV.

“Podemos consolidar o nome do Helder, que é um nome superpreparado e adequado para esse desafio, ou também construir outras alternativas. Entre elas, eu poderia ser candidato num processo majoritário”, afirmou Nésio em entrevista à coluna.

Decisão com a nacional

Recém-empossado no comando do PT, Coser evitou polemizar. Fez elogios a Helder e afirmou que quem irá tomar a decisão sobre as disputas de governadores será a cúpula nacional do partido.

“Foi um gesto muito bonito do Helder de se colocar (como pré-candidato ao governo), sabendo que ele tem possibilidade de se reeleger deputado federal, ele foi o mais votado e continua com um potencial grande (…) Vamos trabalhar para construir a candidatura”, disse Coser.

Ele confirmou que já está agendada uma reunião com o presidente nacional do PT, Edinho Silva, para o próximo dia 24.

“Primeiro vamos ouvir o que ele acha da possibilidade dessa candidatura, se é bom para o partido. Em ato contínuo fazer a mesma coisa com a Gleisi e com o Lula, saber se é bom para a campanha presidencial. O que a gente pretende fazer é mais uma consulta e orientação, porque quem decide candidaturas ao governo é a direção nacional”, disse Coser.

Nésio Fernandes (foto: Wing Costa)

Questionado sobre a possibilidade do PT apoiar outro nome da federação, como Nésio, Coser enalteceu o ex-secretário da Saúde, mas desconversou sobre a possibilidade.

“Nésio é um quadro incrível, fez um trabalho brilhante durante a pandemia, faz parte da nossa federação. Ele se colocou pra disputar alguns cargos dentro das eleições de 2026, de deputado estadual a governador. Com certeza, ele será considerado, mas neste momento não me cabe fazer comentários. Estou muito feliz que ele se colocou, é um quadro do Executivo que vai para o teste das urnas”, afirmou.

Ao contrário do que ocorreu na disputa pelo comando do PT, Coser garantiu que não haverá disputa interna para definição do nome de um eventual candidato ao governo:

“Será construído tudo solidariamente com a presença de todos os membros da federação, tenho certeza que se o Helder se consolida, nosso problema está 100% resolvido. Se acontecer algo diferente, nós continuaremos conversando dentro do partido e da federação, mas eu não tenho nenhuma opinião para dar sobre isso nesse momento. Apenas agradecer a todos que estão se colocando para construir um projeto na defesa da candidatura do Lula, que é nossa prioridade”.

O deputado, porém, não esconde a torcida para uma candidatura própria do partido. “Um palanque próprio pode fortalecer muito a campanha do presidente Lula, é a nossa avaliação. Nós estamos disponibilizando o melhor quadro que o PT tem. É uma candidatura para ir para o segundo turno disputar as eleições”, defendeu.

Encontro com Casagrande

Coser disse que já está pré-agendada uma reunião com o governador Renato Casagrande (PSB) para tratar de 2026 e dos projetos do PT. O encontro deve ocorrer após o diretório capixaba ter uma sinalização da direção nacional a respeito da disputa ao governo do Estado.

“O governador me ligou, dando os parabéns (pela posse no comando do PT), e vamos combinar uma conversa a partir da volta de Brasília. Ele já abriu as portas para marcar a reunião. Faremos isso logo que tivermos os encaminhamentos da resolução do nosso encontro”, disse Coser.

O PT compõe o leque dos aliados de Casagrande e faz parte da gestão. Porém, o governo tem como prioridade eleger Casagrande ao Senado e o vice-governador, Ricardo Ferraço (MDB), ao Palácio Anchieta no ano que vem. Já o PT prioriza a reeleição do senador Fabiano Contarato (PT) e um palanque que defenda a reeleição de Lula – o que não deve encontrar com Ferraço.

Nunes fica?

Integrante da gestão Casagrande, o PT tem uma indicação no primeiro escalão. Trata-se do secretário José Carlos Nunes, que comanda a Secretaria de Esportes e Lazer (Sesport).

Acontece que Nunes faz parte da corrente interna petista Construindo um Novo Brasil (CNB), a mesma da deputada federal Jack Rocha – ex-presidente do partido, que perdeu a reeleição no comando da legenda para Coser. Inclusive, ele apoiou Jack na disputa.

Questionado se mudaria o secretário, indicando um outro nome para fazer parte do governo, Coser disse que não. “Isso não está em debate, o Nunes foi uma indicação do PT e ele permanece”.

Executiva decide amanhã

Ficou marcada para esta quinta-feira (18) uma reunião do PT estadual para definir as cadeiras a serem preenchidas na Executiva estadual.

A formação é por composição proporcional e levará em conta a votação que cada corrente recebeu no Processo de Eleição Direta (PED) do PT. Serão definidos os cargos de vice-presidente, tesoureiro, secretários de setoriais, entre outros.

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Fabiana Tostes

Jornalista graduada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e acompanha os bastidores da política capixaba desde 2011.

Jornalista graduada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e acompanha os bastidores da política capixaba desde 2011.