Política

“Não há planos de mudança”, diz Rigoni sobre o União Brasil

Secretário de Meio Ambiente perdeu o comando do partido, mas disse que continua filiado se puder disputar a Câmara Federal

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Felipe Rigoni à frente do União Brasil (foto: Fabi Tostes)
Felipe Rigoni à frente do União Brasil (foto: Fabi Tostes)

O secretário estadual do Meio Ambiente, Felipe Rigoni (União Brasil), não tem planos de deixar o partido. Num acordo selado nos bastidores com a cúpula nacional da sigla, ele concordou em renunciar à presidência estadual da legenda em favor do presidente da Assembleia, Marcelo Santos (União).

A mudança no comando do União Brasil capixaba foi confirmada ontem (03), pela Executiva nacional da legenda, e pôs fim há um imbróglio que se arrastava há mais de um ano, com Rigoni e Marcelo medindo forças para dar as cartas no partido.

“A mudança foi tranquila. Também já não fazia sentido mais eu ser presidente, porque eu quero ser candidato. Eu e Marcelo conversamos, junto com o pessoal de Brasília, eu fiz a renúncia e eles aprovaram a nova Executiva, da qual eu sou o segundo vice-presidente”, disse Rigoni à coluna De Olho no Poder nesta quinta-feira (04).

Questionado se continuaria no partido, mesmo após perder o comando, Rigoni disse que sim, desde que tenha chance de disputar uma cadeira de deputado federal. “É óbvio que, como todos os candidatos, vou avaliar a nossa chapa. Vou ficar desde que eu tenha chance de disputar e ser eleito”.

Rigoni foi deputado entre os anos de 2018 e 2022, mas não conseguiu se reeleger, mesmo após conquistar 63.362 votos. Tendo apenas ele como puxador de votos, o União Brasil ficou sem cadeira na bancada federal capixaba.

Com a consolidação da federação com o PP – formando o União Progressista –, a chance de ser eleito aumenta, tendo em vista que a chapa irá somar os candidatos do PP e do União Brasil para a disputa. E essa é a aposta de Rigoni.

Ele contou que recebeu convites do PSDB e do Podemos, mas que não há planos de trocar de partido por agora, justamente por conta do cálculo das chapas:

“Não me furto de conversar, converso com todo mundo, mas por enquanto não há planos de mudança”, disse Rigoni.

Sem rusgas?

Embora tenham brigado, nos bastidores, pelo comando da legenda, Rigoni disse que não há constrangimento em continuar no União e nem rusgas na relação com Marcelo Santos.

“Teve a questão da presidência, mas isso não afeta a relação pessoal que eu tenho com o Marcelo. Não gera nenhuma rusga, não tenho problema de continuar no partido, desde que tenha chapa”, disse Rigoni.

Num comunicado enviado à imprensa ontem (03), Marcelo Santos citou a união entre as lideranças do partido e disse que a cúpula nacional do União Brasil deve vir ao Estado nos próximos dias para oficializar o novo comando da legenda.

Imbróglio chega ao fim

Rigoni e Marcelo Santos com Rueda: disputa pelo União Brasil / crédito: Instagram

Antes mesmo de se filiar ao União Brasil, em julho do ano passado, Marcelo Santos já tinha a intenção de presidir a sigla.

Ele deixou o Podemos, após desentendimentos internos com a presidência estadual, e procurava um partido de médio a grande porte onde pudesse não apenas se filiar, mas dar as cartas, já que se preparava para dar voos maiores.

As investidas do presidente da Ales para tomar o comando do partido aconteceram junto à cúpula nacional da legenda e só foram pausadas após a intervenção do governador Renato Casagrande (PSB), que temia que Marcelo pudesse levar o partido para a coligação do prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos) – adversário do Palácio Anchieta, mas apoiado por Marcelo na campanha de reeleição.

As movimentações foram contidas durante a eleição e o União Brasil somou na coligação do ex-prefeito Luiz Paulo Vellozo Lucas, que ficou em terceiro lugar. De uma forma geral, o partido não teve um bom desempenho nas urnas.

As articulações continuaram nos bastidores e, sempre quando era questionado pela coluna a respeito do partido, Marcelo era enfático em dizer que iria presidir o União Brasil.

O ponto determinante ocorreu no início desse ano quando, em meio às negociações para conquistar o apoio do Palácio Anchieta e ser reeleito na presidência da Assembleia, Marcelo conseguiu costurar, junto ao presidente nacional do União Brasil, Antônio de Rueda, um acordo.

Marcelo intermediou um encontro entre o dirigente e a cúpula do Palácio Anchieta. Ele foi com Casagrande e com o vice-governador Ricardo Ferraço (MDB) a Brasília e lá oficializaram a aliança para estarem juntos em 2026.

O encontro assegurou o União Brasil no palanque de Casagrande e Ricardo e a reeleição de Marcelo no comando da Ales, porém, a presidência do União ficaria com um aliado em comum de Casagrande e Marcelo: o prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio (MDB).

O prefeito estava hospitalizado, para fazer um transplante, quando foi convidado/comunicado sobre uma eventual filiação com direito a presidir o União no Estado.

Ele aceitou, mas depois desistiu quando as negociações para a formação da federação União Progressista tomaram corpo.

No Estado, quem irá presidir a federação será o atual presidente do PP, o deputado federal Josias da Vitória, e para Euclério não seria jogo ir para um partido que, de fato, será comandado por outro.

Com isso, o embate entre Rigoni e Marcelo continuou nos bastidores. Mas, pressionado pelo resultado ruim das urnas e pelo espaço que o presidente da Ales conquistou junto à cúpula nacional do União, Rigoni acabou cedendo e aceitou fazer uma passagem de comando pacífica.

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Fabiana Tostes

Jornalista graduada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e acompanha os bastidores da política capixaba desde 2011.

Jornalista graduada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e acompanha os bastidores da política capixaba desde 2011.