Política

'Não vou dizer que eu sou um excelente presidente', diz Bolsonaro

Presidente disse que está "cumprindo uma missão" e fez referência a gestões anteriores: "Tem muita gente querendo voltar o que eram os anteriores"

‘Não vou dizer que eu sou um excelente presidente’, diz Bolsonaro ‘Não vou dizer que eu sou um excelente presidente’, diz Bolsonaro ‘Não vou dizer que eu sou um excelente presidente’, diz Bolsonaro ‘Não vou dizer que eu sou um excelente presidente’, diz Bolsonaro
Foto: Reprodução /Youtube

Pressionado por críticas ao enfrentamento da pandemia da covid-19 e alvo de novos pedidos de impeachment, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira (19) que não pode dizer que é um “excelente presidente”. O mandatário disse, contudo, estar “cumprindo uma missão” e fez referência a gestões anteriores.

“Não vou dizer que eu sou um excelente presidente. Mas tem muita gente querendo voltar o que eram os anteriores. Já reparou? É impressionante. Estão com uma saudade de uma…”, disse para apoiadores nesta manhã, sem concluir a frase.

A fala do presidente ocorre em meio a pressões sobre o governo federal devido à atuação no combate à pandemia da covid-19. A sobrecarga do sistema de saúde em Manaus e a falta de oxigênio em hospitais afetou a imagem do governo e do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que já adota tom defensivo em seus discursos. Na sexta-feira passada, o governo de Bolsonaro foi alvo de panelaços em todo o País.

Pedido de impeachment

A crise em Manaus motivou partidos de oposição, que somam 119 deputados, a apresentarem novo pedido de impeachment contra Bolsonaro. Rede, PSB, PT, PCdoB e PDT pedem que o presidente seja responsabilizado política e criminalmente pela situação no Amazonas e por sua conduta de desincentivo a medidas de proteção durante a pandemia. O pedido se soma a outros cerca de 60 entregues à Câmara dos Deputados desde o início do mandato de Bolsonaro.

O atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), descartou um possível processo de impeachment neste momento. Na segunda-feira, 18, ele afirmou, contudo, que não descarta a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no futuro para investigar as ações do governo no enfrentamento do novo coronavírus.

A aprovação do uso emergencial da vacina contra a covid-19 também foi vista como um derrota para o governo. A Coronovac, produzida pela chinesa Sinovac e pelo Instituto Butantan, foi alvejada por Bolsonaro durante seu desenvolvimento.

Ao longo da pandemia, Bolsonaro questionou a origem da vacina, colocou em dúvida a segurança do imunizante e chegou a comemorar a interrupção dos testes da Coronavac nas redes sociais. O imunizante foi desenvolvido pelo Instituto Butantan, ligado ao governo paulista, liderado por seu adversário político, João Doria (PSDB).

O início da vacinação de brasileiros no domingo, 17, em um evento conduzido por Doria, frustrou o plano do governo federal de assumir o protagonismo da promoção das vacinas – um evento no Planalto, que ocorreria hoje, chegou a ser cogitado para evitar que o governador paulista tivesse protagonismo no início da vacinação no Brasil, mas o atraso da chegada dos imunizantes da Oxford/AstraZeneca, vindos da Índia, impediu sua realização.

Nesta segunda-feira, 18, como o Estadão/Broadcast mostrou, o cenário de ameaça do impeachment e as cobranças por ações concretas contra o avanço da pandemia fizeram Bolsonaro recorrer a um discurso mais ideológico. A apoiadores, ele afirmou que “quem decide se um povo vai viver na democracia ou na ditadura são as suas Forças Armadas”.

Nesta terça, mais cedo, o vice-presidente, Hamilton Mourão, comentou a fala de Bolsonaro sobre as Forças Armadas. Ele disse que a indisciplina das Forças Armadas e o alinhamento a projetos ideológicos comprometem a democracia, mas, ressaltou que a instituição é “despolitizada” e está comprometida apenas com suas missões.