Política

No Recife, 'Grito' alerta para risco de retrocesso

No Recife, ‘Grito’ alerta para risco de retrocesso No Recife, ‘Grito’ alerta para risco de retrocesso No Recife, ‘Grito’ alerta para risco de retrocesso No Recife, ‘Grito’ alerta para risco de retrocesso

Recife – Em clima de alegria e debaixo de chuva, mil pessoas – de acordo com a Polícia Militar – participaram, nesta manhã, 7, do vigésimo Grito dos Excluídos, no Recife, que teve como principal mote a defesa de uma constituinte exclusiva e soberana visando a uma reforma no sistema político brasileiro. Uma urna recebia os votos de quem reivindica a sua realização.

O vermelho do PT e da Central Única dos Trabalhadores (CUT-PE) dominou a manifestação, que teve farta distribuição de panfletos e adesivos pró-reeleição da presidente Dilma Rousseff e de dois candidatos proporcionais pernambucanos, cuja militância compareceu com bandeiras.

Nos discursos, em cima de um carro e som, várias vozes, a exemplo da sindicalista Graça Oliveira, alertaram para a responsabilidade de cada um para a manutenção das conquistas sociais e políticas dos governos petistas. “Todo cuidado é pouco daqui para a frente para que não aconteça um retrocesso político no País”, pregou ela, sem citar nomes.

Wellington Medeiros, que representou o movimento LGBT, reforçou que “não se pode deixar o País voltar ao atraso”, além de frisar que “a religião não pode interferir na vida das pessoas”. O movimento Mulheres Contra O Desemprego distribuiu nota questionando o uso eleitoral da morte do ex-governador de Pernambuco e ex-candidato a presidente da República, Eduardo Campos, na campanha do PSB. “Que democracia é esta que faz do voto uma homenagem aos mortos e não uma responsabilidade diante dos vivos?”, indaga o texto, que atribui o avanço da candidata Marina Silva (PSB) nas pesquisas eleitorais depois da morte de Campos – no dia 13 agosto em um acidente aéreo – ao “um impulso emocional”.

“Marina servirá de ponte de passagem para devolver o poder às velhas elites, como sempre foi, até o aparecimento do ‘operário em construção’ (Lula)”, adverte a nota.

Lula e Dilma

Vestido de “presidente Lula”, o autônomo José Bezerra, 55 anos, que desde a eleição de Lula, há 12 anos, encarna o personagem pela sua semelhança física com o ex-presidente, acompanhou a marcha ao lado do ator Marco Antonio Lins dos Santos, 35 anos, que se traveste da presidente Dilma há quatro anos. De terno e faixa presidencial, Bezerra carregava uma mala com fotos ao lado de Lula e também com o ex-governador Eduardo Campos e candidatos proporcionais de partidos adversários. “Meu protesto pessoal é por conta da situação da insegurança e da saúde”, disse ele. “Quanto à preferência política, sou bagaceira (não se compromete com ninguém)”.

Freira franciscana, Edna Maria da Silva, 37 anos, vestia o seu hábito cinza, chapéu da CUT e uma estrela do PT junto ao crucifixo. “Fechada com o PT”, ela participa há 15 anos do Grito, “um movimento livre para se expressar e se manifestar”. Engajada nas lutas populares, trabalha na comunidade pobre de Chão de Estrelas, no Recife, ao lado de favelas. “Ainda são muitos os excluídos, ainda há muito a se fazer.”

“Não iria me sentir um artista pleno se não estivesse aqui no Grito”, disse o ator pernambucano Irandhir Santos, que protagonizou a novela da TV Globo “Meu Pedacinho de Chão” como o personagem Zelão. “É uma coluna importante em contraposição ao Sete de Setembro com seus desfiles de ostentação bélica e armada”, observou sobre o movimento que reúne organizações sociais e populares.

O Grito saiu da Praça Osvaldo Cruz e se encerrou na Praça do Carmo, passando pelas avenidas Conde da Boa Vista e Guararapes, na área central da cidade. Nenhum incidente foi registrado.