Política

Nonagenários disputam eleição municipal em São Paulo

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Pela legislação eleitoral brasileira, eles já não são mais obrigados a votar, mas podem e querem não só escolher seus candidatos, como também ser eleitos. No Estado de São Paulo, cinco candidatos com mais de 90 anos concorrem a vice-prefeito e a vereador. Há outros sete quase “noventões” na disputa por cadeiras nas Câmaras Municipais.

Entre eles, estreantes na política, como José Sabugari, o Zé Soldado, 90 anos completados no dia 3. “Tenho vontade de deixar um rastro, fazer alguma coisa”, disse o candidato a vereador pelo PSL em Pontes Gestal, no norte do Estado.

Em uma cadeira de rodas e com problema nos rins, Zé Soldado afirma não desanimar. Ao longo de suas nove décadas, passou por presidentes que disse admirar, como Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e Jânio Quadros, e considera que o atual, Jair Bolsonaro, faz um “bom governo”.

Também estreante, Vozinho Chico, apelido pelo qual é conhecido Francisco Maria Trindade, candidato a vereador pelo PTB em Bragança Paulista, completa 90 anos em 1º de fevereiro.

O candidato mais idoso do Estado está na capital. José Raymundo de Castro, o Castro Alfaiate, do DC, fará 95 anos no dia 25 de novembro, dez dias após o primeiro turno. Ele busca uma vaga na Câmara de São Paulo e, se eleito, vai encerrar o mandato batendo nos 100 anos. Além de alfaiate, Castro é compositor e criou o jingle “Eymael, um democrata cristão”, usado pelo então candidato a presidente da República, José Maria Eymael. Na convenção do partido, em setembro, Eymael referiu-se a Castro como “o gênio que criou um jingle eterno”.

É também da capital paulista o segundo mais velho candidato a vereador do Estado: Henrique Morgan de Aguiar Filho, o Mister Morgan, do PV. “Sou lúcido com 93 anos”, afirmou. Mesmo no grupo de risco da covid-19, tem feito campanha presencial, mas seguindo as recomendações, conta. “Não piso para fora de casa sem máscara, quem faz isso está arriscando a sua vida e a dos outros.”

Candidato a vice-prefeito, David Orlandi (PCO), de Embu das Artes, fez 92 anos em maio. Outro nonagenário na disputa a vice-prefeito é o médico José de Castro Coimbra, o Dr. Coimbra (Avante), de São José dos Campos. Ele se considera um caso de “envelhecimento bem-sucedido”, já que se sente mais jovem do que realmente é.

Sobre a escolha de ser candidato aos 90, disse não levar em conta a idade. “Tenho boa saúde e ainda trabalho com bastante intensidade. Gosto muito da política e acho que, se eu posso contribuir para que a minha cidade tenha um governo mais honesto, eu não posso ficar sem fazer nada”, argumentou. Ele afirma que faz campanha presencial e que, como precaução contra a covid-19, toma ao menos vinte minutos de sol todo dia. “Uma precaução é ter uma taxa de vitamina D alta, é extremamente importante para regular o sistema imunológico”, disse.

A candidata a vereadora pelo PDT de Capivari Maria Clara Baggio espera comemorar o aniversário de 90 anos já empossada, no dia 13 de janeiro.

Conforme o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), São Paulo tem 29 candidatos com mais de 85 anos. Luiza Erundina, candidata a vice na chapa de Guilherme Boulos (PSOL) à prefeitura da capital, completa 86 anos em 30 de novembro. Deputada federal, a veterana já foi prefeita paulistana de 1989 a 1993. Por causa da pandemia, não tem feito campanha na rua.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, até a década de 1980, a população brasileira tinha o aspecto de um gráfico de pirâmide: muito mais jovens – exibidos na base do gráfico – do que idosos – exibidos no topo. No Censo de 2009, o quadro era já diferente, mais vertical. As projeções do IBGE indicam que o País terá, em 2060, mais idosos do que jovens.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.