Política

Policiais expulsos após a greve podem ser reintegrados com salário retroativo de R$ 839 mil

Valor é o total que 23 policiais expulsos vão receber, caso a proposta seja aprovada. A Assembleia dos Deputados vai colocar o projeto do governador Casagrande em votação nesta quarta-feira.

Foto: Reprodução

O projeto de lei enviado pelo governador Renato Casagrande (PSB) para a Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) deve anistiar 2.622 policiais militares que respondem ou iriam responder procedimentos administrativos por conta da greve de fevereiro de 2017.

A proposta contempla os 23 policiais que foram expulsos, inclusive com o salário em retroativo desde 2017, quando foram desligados. No total, os 23 vão receber R$ 839 mil, caso sejam reintegrados. De acordo com a Corregedoria da Polícia Militar, outros 90 enfrentam processos de demissão. Entre eles estão 7 oficiais.

Na época, a paralisação colocou a segurança pública em colapso, terminando o mês com 224 assassinatos, milhares de casos de furtos e arrombamentos no comércio. O prejuízo para os comerciantes foi estimado, segundo a Federação do Comércio do Espírito Santo (Fecomércio-ES), em R$ 90 milhões.

Nesta terça-feira (15), os deputados estaduais se reúnem em Plenário a partir das 15 horas para leitura da matéria. A previsão é que o projeto seja aprovado na quarta-feira (16), em sessão marcada para as 9 horas.

Para o governador, é preciso "passar uma borracha" no passado e olhar para o futuro. O projeto, segundo o socialista, visa retomar a motivação dentro da tropa. "Desde aquela época, eu faço a análise que houve erro dos dois lados, tanto dos manifestantes, quanto do governo. Fica como lição para nós nunca deixarmos de dialogar com as classes. Há ainda vários policiais com problemas psicológicos e alguns que tentaram tirar a própria vida. Queremos fechar essa ferida", argumentou.

"Tropa está doente"

De acordo com o secretário de Segurança Pública, Roberto Sá, além dos 2.622 processos disciplinares, 23 policias foram expulsos da corporação, 500 se afastaram por problemas de saúde e houve 27 tentativas de suicídio por parte de policiais, sendo que oito delas foram consumadas. "Isso foge da normalidade. O episódio da greve vem causando transtornos operacionais. Podemos dizer que nossa tropa está doente. É preciso pacificar esse processo de vez", afirma.

PC: "Não houve participação de militares nas mortes de fevereiro"

O chefe da Polícia Civil, José Arruda, disse que das 224 ocorrências de homicídio e tentativas de homicídio registradas no período da greve, 141 inquéritos foram concluídos com indicação da autoria dos crimes. Em nenhum deles, segundo ele, houve a participação de policiais militares.

Sem previsão de aumento salarial

Questionado se haveria valorização no salário dos militares, que foi uma das reivindicações que gerou a greve, Casagrande disse que é preciso analisar o comportamento da arrecadação do Estado e que, por enquanto, não há previsão para aumentar salários. 

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