Política

Veja o que foi pago com o cartão corporativo de Bolsonaro no ES

A maioria das despesas registradas se refere à alimentação e hospedagem, segundo dados conseguidos via Lei de Acesso à Informação

Tiago Alencar

Redação Folha Vitória


Foto: Reprodução/ WhatsApp
Bolsonaro cumprimenta apoiadores durante visita ao Espírito Santo, em 2022

Um levantamento feito pela Fiquem Sabendo, agência de dados independente e especializada na Lei de Acesso à Informação (LAI), mostrou que a primeira visita do então presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), ao Espírito Santo, em junho de 2021, gerou gastos no cartão corporativo administrado pelo Palácio do Planalto.

A maioria das despesas registradas se refere à alimentação e hospedagem. Pela quantidade de itens comprados, é possível deduzir que os gastos estão relacionados, principalmente, à equipe que acompanhou Bolsonaro em sua visita aos apoiadores capixabas.

Exemplo disso é uma nota fiscal catalogada pela agência, em que é possível verificar a compra de 262 "kits lanches" em uma padaria de Vitória. 

Cada kit, contendo duas águas minerais, dois sanduíches, uma fruta – que podia ser banana ou maçã – e refrigerante em lata, saiu pelo valor de R$ 25,00.

Na mesma nota, datada de 10 de junho daquele ano, também consta a compra de três pacotes de gelo de 5kg, com cada um custando R$ 15,00. O valor total do gasto, conforme o documento disponibilizado via LAI, ficou em R$ 6.595,00.

Veja a nota abaixo:

Foto: Agência Fiquem Sabendo

Também chama a atenção, na lista de gastos com o cartão corporativo de Bolsonaro no Estado, o valor de R$ 21.735,00, com diárias em um hotel da Mata da Praia, em Vitória. O check-in, nesse caso, estava agendado para o dia 8 de junho de 2021, já o check-out, para o dia 12.  

Veja a nota abaixo:

Foto: Agência Fiquem Sabendo

Não há informações, nos documentos, se Bolsonaro efetivamente ocupou a reserva, ou se os assessores e apoiadores que o acompanharam na visita ao Estado também foram os únicos a ficar no local.

Há ainda uma segunda nota que também trata sobre reserva no mesmo hotel, porém com um valor bem menor. Referente a três diárias, começando do dia oito, indo até o dia 11 de junho de 2021, o gasto ficou estimado em R$ 3.510,00

Veja a nota abaixo:

Foto: Agência Fiquem Sabendo


Cartão corporativo pagou 132 refeições em restaurante do ES

Em consulta aos dados divulgados pela equipe da Fiquem Sabendo, a reportagem do Folha Vitória  ainda encontrou uma nota fiscal referente à contratação, por parte da equipe do à época presidente, de um serviço de refeição em um restaurante de Vitória.

O documento, cujo valor é de R$ 3.774,00, detalha o serviço contratado com o uso do cartão corporativo. 

No total, foram 132 refeições, divididas da seguinte forma: 40 jantares, ao custo de R$ 28,00, cada um, em 11 de junho; 40 almoços do mesmo valor no dia 10, além de 26 jantares e 26 almoços, no valor de R$ 28,00, nos dias 10 e 11, respectivamente.

Na mesma nota ainda constam 26 águas minerais de um litro e meio, no valor de R$ 3,00 cada uma, totalizando a quantia de R$ 78,00.

Veja a nota abaixo:

Foto: Agência Fiquem Sabendo


O que é o cartão corporativo e o que pode ser pago com ele?

O Cartão de Pagamento do Governo Federal (CPGF) é um meio de pagamento utilizado pelo governo que funciona de forma similar ao cartão de crédito que, porém dentro de limites e regras específicas.  

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O governo utiliza o CPGF para pagamentos de despesas próprias, que possam ser enquadradas como suprimento de fundos,  que é um adiantamento concedido ao servidor para pagamento de despesas, com prazo certo para utilização e comprovação de gastos.

Vale lembrar que, apesar de chamar a atenção, os gastos com o cartão corporativo, como no caso das despesas de Bolsonaro com a viagem ao Espírito Santo, não são ilegais, já que as despesas com o mecanismo podem ser realizadas nas seguintes condições:

a) atender a despesas de pequeno vulto, assim entendidas aquelas cujo valor, em cada caso, não ultrapasse o limite estabelecido na Portaria MF nº 95/2002;
b) atender a despesas eventuais, inclusive em viagens e com serviços especiais, que exijam pronto pagamento;
c) quando a despesa deve ser feita em caráter sigiloso, conforme regulamento.

Bolsonaro foi o que menos gastou com cartão corporativo

Tendo como base os dados divulgados pelo Portal da Transparência do governo federal, a Rede CNN divulgou um estudo que mostra que o cartão corporativo usado pelo ex-presidente da República, tendo em vista os valores corrigidos pela inflação, custou mais barato aos cofres públicos em comparação com os demais governos. Veja abaixo:

Governo Bolsonaro (2019-2022) – R$ 32,6 milhões
Governo Dilma 1 (2011-2014) – 42,3 milhões
Governo Lula 1 (2003-2006) – R$ 59 milhões
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