Política

Presidente do Conselho de Ética do Senado diz que não tem acompanhado "nada"

Redação Folha Vitória

Brasília - Nas rodinhas dos parlamentares não se falou em outro tema nesta última semana em Brasília. O clima tenso ganhou destaque nos principais veículos de comunicação do País tendo como principal ingrediente a expectativa da divulgação da chamada "lista de Janot", em que constam os nomes dos parlamentares supostamente envolvidos em desvios na Petrobras.

Os desdobramentos da Operação Lava Jato também atingiram representantes do Executivo e Judiciário, que se pronunciaram sobre as investigações. Toda essa agitação em Brasília passou, entretanto, despercebida pelo presidente do Conselho de Ética do Senado, João Alberto Souza (PMDB-MA), que poderá conduzir futuros processos por quebra de decoro dos colegas acusados de envolvimento em supostos desvios na estatal.

"Não tenho acompanhado nada. Não tenho lido. Não tenho acompanhado nem visto. Não vi nenhum pronunciamento oficial a esse respeito. Não sei de nada", afirmou o peemedebista ao ser questionado sobre qual avaliação fazia sobre os desdobramentos das investigações contra alguns colegas no Supremo Tribunal Federal.

O nome do senador foi confirmado para ocupar o comando do Conselho, pela quinta vez, pelo líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), no início o último mês de fevereiro. Souza é ligado ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que teve o nome inserido na "lista de Janot".

Ao falar sobre essa proximidade, ele se esquiva e diz que não será ele, como presidente do colegiado, o responsável pela elaboração de possíveis relatórios por quebra de decoro dos colegas. "É a quinta vez que sou presidente do Conselho de Ética. Desde a primeira vez nunca se falou em nome de Renan. E outra, eu não decido, sou apenas o presidente. Quando chegar um questionamento dirigido contra um senador, tenho que sortear entre os integrantes um como relator. Ele que pode dizer alguma coisa, eu pessoalmente não digo nada, eu presido", ressaltou. "Não tem nada lá no Conselho. Primeiro tem que ver as provas que chegam para dizer alguma coisa. Antes de qualquer prova eu não me pronuncio em nada", emendou.

Apesar das esquivas, a relação do peemedebista com líderes da legenda alvos de questionamento sobre a conduta ética não é de hoje.

Em 2001, ele trabalhou pelo arquivamento do pedido de cassação do então presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA). O senador paraense acabou renunciando ao mandato. A proximidade com integrantes da cúpula do PMDB também se estende à família Sarney, com quem se uniu em 2006 para disputar como candidato a vice na chapa encabeçada por Roseana ao governo do Maranhão. Na ocasião, perderam a disputa, mas em 2011, com a vitória da peemedebista, Souza foi alçado para o comando da Assessoria de Programas Especiais do Estado.

No ato de nomeação, o senador recebeu ligação com os parabéns do então ministro de Minas e Energia, senador Edison Lobão (PMDB-MA), outro que integra a lista do procurador-geral da República. A trajetória política de Souza também foi marcada pela declaração dada quando foi governador do Estado, no começo dos anos 90. Na ocasião, ele disse fazer um governo "90% honesto".

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