PSDB teme judicialização das prévias em São Paulo
São Paulo - O departamento jurídico do PSDB paulistano determinará nesta quarta-feira, 2, qual será o rito para analisar o pedido de impugnação da pré-candidatura do empresário João Doria nas prévias do partido para escolha do candidato tucano à Prefeitura de São Paulo. A medida foi tomada por aliados do vereador Andrea Matarazzo, que enfrentará Doria no segundo turno da votação interna, e do deputado Ricardo Tripoli, terceiro colocado na disputa realizada no domingo.
A expectativa na legenda é que o processo dificilmente será concluído antes do dia 20, quando ocorrerá o segundo turno das prévias.
Aliados do governador Geraldo Alckmin, que apoia Doria, temem que o processo se torne um "imbróglio jurídico" arrastado até a convenção municipal, que acontecerá em julho e ratificará o escolhido.
Se o diretório da capital acatar o pedido e cassar a pré-candidatura de Doria, o caso será submetido ao diretório estadual e, em última instância, ao nacional, que tem a prerrogativa de dar a palavra final.
"Existe preocupação para que o partido possa sair das prévias unido. Para vencer as eleições, precisa haver unidade", diz o senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB. Ele descarta, porém, promover uma intervenção do diretório nacional. "A solução para isso precisa ser encontrada em São Paulo."
O debate divide a executiva tucana. "O pedido (de impugnação) cria constrangimento e uma tensão desnecessária no partido. As prévias são um avanço. Antes as decisões eram restritas aos caciques", diz o deputado Carlos Sampaio (SP), membro da direção tucana.
Os signatários do pedido são o ex-governador Alberto Goldman, vice-presidente do PSDB, e o presidente do Instituto Teotônio Vilela, José Aníbal. Eles acusam Doria de ter praticado "condutas ilegais" de propaganda eleitoral, desrespeito à lei Cidade Limpa e "abuso de poder econômico".
"Em 27 de fevereiro de 2016, às vésperas da realização das eleições prévias do PSDB para escolha do candidato a Prefeito, foi identificada a distribuição e colocação em bens públicos de cavaletes do pré-candidato João Doria Jr. em todos os locais de votação (Diretórios Zonais) na cidade de São Paulo", diz a petição.
"Não é só a questão dos cavaletes. Quero saber também sobre a compra de votos. Várias denúncias sobre isso foram gravadas. O caso vai passar em branco?", completa Matarazzo.
A maioria dos 71 membros da direção do PSDB da capital é ligada a Matarazzo, a Aníbal e ao deputado Bruno Covas, que apoiou Ricardo Tripoli no primeiro turno. "Não acredito que a parte vencida vai se conformar com a decisão. Ela vai recorrer e é pouco provável que isso esteja resolvido até o dia 20", informa o vereador Mario Covas Neto, presidente do PSDB paulistano.
Terceiro colocado no primeiro turno, o deputado Ricardo Tripoli deve se reunir até o fim da semana com os aliados Bruno Covas e José Aníbal para definir o que fazer no segundo turno.
Aliados de Doria tentam se aproximar das bases do trio. Nessa segunda-feira, 29, Alckmin teve uma conversa reservada com Bruno Covas, que ainda não se posicionou.
Na votação de domingo, 6.216 votos foram computados. Doria recebeu 43,13% do total, contra 32,89% de Matarazzo. Em terceiro lugar, com 22,31%, ficou Tripoli.