Política

'O interrogado aqui é o senhor', diz Moro a ex-diretor da Petrobras

Redação Folha Vitória

Curitiba e São Paulo - O ex-diretor de Internacional da Petrobrás Nestor Cerveró questionou o juiz federal Sérgio Moro - que conduz os processos da Operação Lava Jato - sobre a necessidade de mantê-lo preso preventivamente e ouviu como resposta: "O interrogado aqui é o senhor, não o juízo."

Acusado de comandar a área que era braço do PMDB no esquema de cartel e corrupção na Petrobras, Cerveró foi interrogado na tarde de terça-feira, 5, na ação penal em que é acusado de lavagem de dinheiro na compra de um duplex em Ipanema, em nome de empresa offshore aberta por terceiros.

A audiência se prolongou por mais de uma hora. O juiz Moro questionou Cerveró se ele teria mais algo a dizer sobre as acusações que pesam contra ele. Além da ocultação patrimonial, o ex-diretor de Internacional é réu pela cobrança de propina de US$ 30 milhões na contratação de navios sonda e de desvios na compra da Refinaria de Pasadena nos Estados Unidos.

"Eu estou preso há cinco meses, sem nenhuma culpa provada. Nenhuma acusação que o senhor fez foi provada", disse Cerveró, imediatamente corrigido pelo juiz. "Eu não fiz nenhuma acusação senhor Nestor, foi o Ministério Público."

"Mas o senhor aceitou a denúncia, baseado em ilações do Ministério Público", retrucou Cerveró, apontando que a denúncia da Lava Jato na compra do duplex de R$ 7,5 milhões em que morou em Ipanema foi feita com base em reportagem de revista e que não houve investigação.

"Mas tem mais que revista, né senhor Nestor?", advertiu Moro. "Mas tem o que?", insistiu o réu.

Cerveró é acusado de ter ocultado o dinheiro da compra do duplex por meio de empresa aberta no Uruguai. Ele diz ter morado dois anos de graça no imóvel, que seria um investimento intermediado por um conhecido.

"Não vou discutir com o senhor aqui as provas, vou avaliá-las na sentença", explicou Moro.

A sentença de Cerveró no caso deve ocorrer a partir de junho. A fase de interrogatórios dos réus é uma das fases finais do processo. O ex-diretor - que cumpre prisão preventiva em Curitiba, desde janeiro, quando foi preso - insistiu nos questionamentos ao magistrado.

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