Política

Líder diz que PP tentará renúncia negociada com Maranhão antes de expulsão

Redação Folha Vitória

Brasília - A bancada do PP na Câmara dos Deputados decidiu, em reunião nesta terça-feira, 10, tentar uma "renúncia negociada" de Waldir Maranhão (PP-MA) da 1ª vice-presidência da Casa antes de dar seguimento ao processo de expulsão dele do partido. Na reunião, ficou decidido que um grupo de deputados da legenda procuraria Maranhão, para tentar negociar essa renúncia. Como argumento, os parlamentares do PP dirão que, caso renuncie, o presidente interino terá como garantia a salvação de seu mandato.

Nessa segunda-feira, DEM e PSD entraram com representação no Conselho de Ética da Câmara, acusando Maranhão de quebrar o decoro parlamentar ao anular sessão da Câmara que aprovou a abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. A representação pode levar à cassação do mandato dele.

"A bancada fez um encaminhamento a favor da expulsão dele, mas antes vamos tentar a proposta também encaminhada de renúncia negociada", afirmou o líder do PP, Aguinaldo Ribeiro (PB). Com a decisão, a reunião da Executiva Nacional da sigla que trataria do processo de expulsão foi adiada.

O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), explicou que a Executiva não terá como aprovar o afastamento cautelar (provisório) de Maranhão como pedido pelo deputado Júlio Lopes (PP-RJ) junto com o pedido de expulsão definitivo. Segundo o dirigente, não há previsão estatutária para isso.

O Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, apurou que a cúpula do partido quer evitar a expulsão definitiva de Maranhão para impedir que o presidente interino da Câmara migre para outro partido menor do mesmo bloco do PP. Com isso, ele poderia tentar manter o cargo de 1º vice-presidente.

Já com a renúncia, seria mais fácil para o partido tentar pedir a primeira vice-presidência de volta, para a legenda indicar um substituto. Embora o deputado maranhense tenha sido eleito, a interpretação da maioria da legenda é de que a 1ª vice-presidência cabe à sigla, por acordo político que culminou com a eleição tanto de Maranhão quanto de Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Caso renuncie ao cargo, o 2º vice-presidente da Câmara, deputado Giacobo (PR-PR), assumiria interinamente o comando da Câmara e convocaria eleição para 1º vice-presidente em até cinco sessões. O eleito comandaria a Casa interinamente enquanto durar o afastamento de Cunha da presidência da Câmara.

Paulinho da Força

O presidente do Solidariedade, deputado Paulo Pereira da Silva (SP), o Paulinho da Força, declarou hoje que os partidos da oposição vão pressionar o presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), para que ele renuncie ao cargo e, caso não aceite, vão tentar forçar a sua saída. As siglas pretendem sinalizar a Maranhão que "ninguém mais vai trabalhar com ele na Casa".

Segundo Paulinho, as legendas que apoiaram o impeachment da presidente Dilma Rousseff vão atuar em três frentes. A primeira será através das lideranças partidárias, que pedirão ao parlamentar que ele renuncie ao cargo. A segunda, caso ele não aceite abrir mão da presidência, será através do PP, que pode pedir a desfiliação de Maranhão, e, consequentemente, a perda da vice-presidência. Por fim, caso não sejam bem sucedidos nas duas primeiras tentativas, os oposicionistas devem recorrer ao plenário, em ato inédito, para afastá-lo.

Paulinho da Força, um dos principais aliados do presidente afastado da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), voltou a criticar Maranhão, dizendo que ele "não tem condições" de comandar os trabalhos legislativos. "O momento pede cautela e precisamos ter um presidente à altura. Ninguém aguenta mais e não vamos tocar a Casa com um presidente pirado", disse Paulinho. O presidente do Solidariedade afirmou ainda que Maranhão demonstrou ser "bipolar" ao mudar de ideia sobre a anulação do processo de impeachment.

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