Política

Procurador preso na Operação Patmos defendeu combate à corrupção na Câmara

Redação Folha Vitória

São Paulo - O procurador da República Ângelo Goulart, preso nesta quinta-feira, 18, na Operação Patmos, por suspeita de vazar investigações do Ministério Público Federal ao Grupo JBS, defendeu vigorosamente as 10 Medidas contra a Corrupção, projeto dos sonhos da força-tarefa da Operação Lava Jato.

Há quase um ano, no dia 22 de junho de 2016, Goulart subiu à tribuna da Casa para discursar sobre o polêmico pacote de medidas propostas pelos procuradores da Lava Jato.

Goulart era integrante da equipe do vice-procurador geral Eleitoral, Nicolau Dino, e recentemente estava cedido à força-tarefa das operações Greenfield, Cui Bono e Sépsis, que apura crimes relacionados à JBS. Joesley Batista e outros delatores da JBS teriam entregado provas de que o procurador repassou dados sigilosos aos investigados.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu o afastamento de Ângelo Goulart Villela de suas funções no Ministério Público Federal, determinou também sua exoneração da função de assessor da Procuradoria-Geral Eleitoral junto ao TSE e revogou a designação para atuar na força-tarefa da Operação Greenfield.

Goulart defendeu a oitava medida da proposta encampada pelo Ministério Público Federal, a responsabilização dos partidos políticos e criminalização do caixa 2.

"Medida essa de caráter estritamente eleitoral, mas que contribui sensivelmente no aprimoramento do combate à corrupção no País. A medida número 8 tem como finalidade a responsabilização dos partidos políticos e da criminalização do chamado caixa 2, medidas essas que contribuem para a formação de eleições livres, justas e legítimas", afirmou.

O discurso de Goulart durou cerca de cinco minutos. O procurador defendeu a responsabilização dos partidos "por atos de forma civil, administrativa e eleitoral por condutas, por atos de corrupção".

"Nós temos em vigor hoje a lei anticorrupção destinadas às pessoas jurídicas e nós estamos trazendo essas diretrizes dessa legislação para seara eleitoral", explicou. "Precisamos, caros colegas, verificar que quando nós vemos doações eleitorais oficiais que estão dissimulando um pagamento de propina, é preciso atentar para este fato. É preciso que não só aquele que está pagando a propina, seja punido, mas sobretudo aquele partido ou aquele candidato que esteja recebendo também o seja e nesses atos de lavagem."

No fim do discurso, ele fez um apelo. "É preciso dar um basta neste tipo de conduta, é preciso dar um basta no caixa 2 que acaba gerando um abuso do poder econômico e sequestrando daqueles candidatos que querem realmente participar de um pleito justo, limpo, equilibrado e de igual oportunidade a possibilidade de eles contribuírem no processo eleitoral."

Investigação

O procurador teria tido encontros com representantes da JBS sem comunicar aos colegas. Conforme as colaborações, numa ocasião, teria ligado para um dos investigadores da força-tarefa, na presença de integrantes do grupo empresarial, e colocado a conversa em viva-voz. Ele também teria tirado uma cópia de diálogo de procuradores sobre o caso, em grupo privado do Instagram, e repassado à empresa.

O procurador é suspeito ainda de gravar uma reunião na qual a força-tarefa tratava de uma possível colaboração do empresário Mário Celso Lopes, parceiro de negócios da J&F, holding que controla a JBS e outras empresas do grupo.

A reportagem não localizou nesta quinta-feira representantes do procurador aprisionado na Operação Patmos. O gabinete em que ele trabalhava, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foi alvo de mandado de busca e apreensão.

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