Política

Em entrevista exclusiva, Aécio afirma que governo do PT prejudicou o ES

O candidato a presidente Aécio Neves (PSDB) visitou o Estado nesta quinta-feira e concedeu entrevista exclusiva ao jornalista da TV Vitória Alex Cavalcanti

O jornalista Alex Cavalcanti realizou entrevista exclusiva com Aécio Neves, durante visita ao Estado Foto: TV Vitória

Em visita ao Espírito Santo nesta quinta-feira (10), o candidato à presidência da República Aécio Neves (PSDB) concedeu uma entrevista exclusiva ao jornalista da TV Vitória Alex Cavalcanti.

Durante a conversa, o candidato tucano fez críticas ao governo petista e afirmou que o Espírito Santo é um dos estados que mais foram prejudicados no período em que o PT governou o País.

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Confira na íntegra a entrevista exclusiva concedida pelo candidato à TV Vitória.

Alex Cavalcanti: A construção da sua aliança no Espírito Santo foi complicada, resolvida aos 45 do segundo tempo. O que aconteceu?
Aécio Neves: Em primeiro lugar, eu quero agradecer esta oportunidade e cumprimentá-los por permitir à população do Espírito Santo conhecer um pouco mais de perto a proposta de cada um dos candidatos. Para nós, mineiros, estar no Espírito Santo é estar em casa. É exatamente nesta semana que se iniciam as campanhas eleitorais. Eu não posso deixar de me lembrar que, há exatos 30 anos, estive aqui acompanhando o então candidato à presidência da República, meu avô, Tancredo Neves, quando ele lançou a Nova República. O que ele buscava naquele tempo era uma grande convergência nacional para que o Brasil superasse suas dificuldades e muitas delas não são diferentes daquelas que nós temos hoje, em busca da retomada do crescimento e do controle da inflação. Infelizmente, a agenda que nós achávamos que já tínhamos superado, a agenda da estabilidade da economia, da credibilidade resgatada do País, infelizmente está de volta, pela leniência de um governo que fracassou na economia, que fracassou na gestão do Estado e fracassou na busca da melhora dos nossos indicadores sociais. Estamos iniciando a campanha ao lado dos parceiros. Aqui foi feita, como você mesmo coloca, uma complexa construção política, mas que me deixa muito à vontade. Na verdade, estamos nos reagrupando. Paulo Hartung é o nosso candidato a governador. Foi meu colega, fomos governadores juntos. Fomos sucessivamente, durante os oito anos que governamos Espírito Santo e Minas Gerais, os dois governadores mais bem avaliados do Brasil, com os melhores resultados eleitorais, e nós tivemos muitas parcerias. Parcerias no campo da boa gestão pública, na eficiência da máquina pública, na busca da melhoria dos nossos indicadores sociais. Tanto o Espírito Santo quanto Minas Gerais cresceram muito naquele período. Eu acho que a nossa experiência de governo, a nossa proximidade, o conhecimento que tenho das dificuldades, mas também das potencialidades do Espírito Santo, vão nos permitir fazer uma bela parceria. Paulo terá como companheiro de chapa o extraordinário líder capixaba no Congresso Nacional que é o deputado César Colnago. Portanto, eu tenho muito boas expectativas, que nós possamos vencer no Espírito Santo e vencer no Brasil.

AC: O Espírito Santo tem um histórico ruim na relação com o Governo Federal no sentido de realização de obras e repasse de recursos. O Estado tem sido muito prejudicado e isso não é do último governo apenas, mas também de governos anteriores. A história dos últimos 20 anos não é boa para o Espírito Santo em termos de transferências e obras do Governo Federal. Caso o senhor seja eleito, o que seria diferente?
AN:  Na base da nossa proposta está algo que interessa ao Espírito Santo como interessa aos demais estados e municípios brasileiros: a refundação da Federação. O governo do PT vem transformando o Brasil quase que em um estado unitário. Apenas o Governo Federal dispõe de recursos e apenas o Governo Federal determina as políticas econômicas, as políticas que vão ser implementadas em cada uma das regiões do País. O Espírito Santo talvez tenha sido, de todos os estados brasileiros, o mais prejudicado nesse ciclo de governo do PT, porque o PT simplesmente virou as costas para as demandas e os interesses dos municípios e dos estados. Na saúde, durante dez anos, o governo do PT só fez diminuir a participação do Governo Federal, que era, quando assumiram, de 56% do conjunto dos investimentos em saúde da União. Hoje são apenas 45%. Nós sabemos que a segurança pública é um problema também grave no Espírito Santo; não há infelizmente uma política nacional de segurança pública. 87% de tudo que se gasta hoje em segurança vem dos estados e municípios. Então, quem mais tem, que é o Governo Federal, gasta apenas 13% de todas as ações de segurança, mesmo sendo ele responsável pelo tráfico de drogas, pelo tráfico de armas, pelo controle das nossas fronteiras. Então, o que nós precisamos é resgatar a autonomia dos municípios e estados brasileiros para que eles possam construir seus destinos. Menos intervencionismo e, portanto, mais força, mais recursos e maior delegação aos estados e municípios estão na base que vai emoldurar todo o nosso programa de governo.

AC: Dá para fazer isso e manter o equilíbrio das contas? Só o Espírito Santo perdeu, em 2013, R$ 840 milhões em royalties que deixaram de ser pagos. Como é que dá para ajustar essa conta?
AN: Temos que fazer. O governo é perdulário. O governo gasta muito e gasta mal. O Brasil hoje é um cemitério de obras abandonadas por toda parte, obras sem planejamento. Eu vou lhe dar um dado apenas: no primeiro trimestre deste ano, poderíamos até rever um histórico de onze anos, mas o dado mais atual é que os gastos correntes do governo aumentaram em torno de 15%, enquanto as receitas aumentaram em torno de 7%. Então, qualificar o gasto público, acabar com o desperdício, acabar com as irregularidades que se transformaram numa marca do governo do PT, vai ajudar muito que o dinheiro do governo seja bem aplicado e aplicado naquilo que interessa à população: saúde, educação e segurança e falo com a autoridade de quem fez isso em Minas Gerais. E não é a toa que Minas Gerais tem hoje a melhor educação do Brasil e alguns dos melhores indicadores sociais de todo o País. 

AC: Programas sociais são mantidos ou modificados em sua gestão?
AN: Os programas sociais são mantidos e aprimorados, aqueles que vêm dando certo. Fala-se muito das transferências de renda. Isso iniciou no governo do PSDB, com o bolsa escola e o bolsa alimentação, e foi ampliado no governo do PT. Nós não vamos alterar os programas sociais, a não ser para ampliá-los e qualificá-los. Mas nós queremos fazer o que é essencial; que o Brasil volte a crescer, volte a gerar empregos de boa qualidade, e volte a investir na qualidade da nossa educação. Essa será realmente a grande fronteira a ser ultrapassada. Conquistar uma educação de qualidade, com mais oportunidades. E tudo isso depende da retomada do crescimento e do controle da inflação. 

AC: A sua coligação representou contra a candidata do PT, a presidente Dilma, alegando que ela fez propaganda antecipada, durante a visita dela ao Espírito Santo na semana passada. O senhor acredita que a campanha deste ano vai ser menos propositiva e mais judicializada?
AN: Olha, no que depender da nossa posição, vai ser uma campanha politizada. Nós estamos prontos para debater todos os temas que interessam à população brasileira. O que acontece no governo do PT é que ele caminha ali no limite, no limiar do que pode e não pode. Portanto, volta e meia ele escorrega para aquilo que não pode. O Governo Federal, que deveria dar o exemplo na sua conduta, separando o que é público daquilo que é privado, partidário, não faz isso. Por isso, a Justiça Eleitoral determinou inclusive a retirada do ar de propaganda do governo do PT, porque não poderia fazê-lo. Infelizmente o PT não dá bons exemplos, porque mistura sempre o interesse partidário com o interesse público. 

AC: O senhor mencionou que é preciso otimizar a máquina governamental. A gente está falando de redução de quadro, demissões? 
NA: Não, mas nós estamos falando de diminuição da estrutura do Estado, para que ela se torne mais eficaz, mais efetiva. Nós vamos acabar com metade desses vergonhosos 39 ministérios que não servem ao cidadão, servem apenas aqueles que estão ali emprestando alguns segundos de tempo de televisão para a presidente. A troca absolutamente acintosa, sem qualquer constrangimento, de espaços públicos por apoio político, feita pelo governo do PT, é uma das páginas mais negras da história recente da política brasileira. O governo não fez questão de esconder que entregou o Ministério dos Transportes, a área que licita obras em todo o Brasil, para um partido político, para ter ali alguns segundos a mais de televisão. Não importa para o governo do PT a qualificação dos quadros. O que interessa é se eles apóiam ou não este governo. O que nós vamos fazer é aquilo que eu fiz em Minas, que o Paulo (Hartung) fez no Espírito Santo: restabelecer a meritocracia na gestão pública. Em Minas Gerais, acho que esse é um bom exemplo, 100% dos servidores são avaliados. Se cumpriram com as suas metas, se alcançaram os objetivos pré-estabelecidos, eles recebem uma remuneração a mais, recebem um 14º salário no final do ano. O que acontece? Minas se transformou em um dos estados mais eficientes do Brasil. Eu quero que isso ocorra em todo o Brasil.

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