Eleições 2018

Política

Os movimentos silenciosos de Rose

Na semana em que o cenário político virou de cabeça pra baixo, a pré-candidata do Podemos, senadora Rose de Freitas, evitou exposição na imprensa e manteve uma intensa agenda de conversas buscando se viabilizar na disputa ao Palácio Anchieta

Alex Pandini

Redação Folha Vitória

Depois do anúncio de que não vai concorrer à reeleição, feito na última segunda (9), o governador Paulo Hartung (MDB) deixou o mercado político atordoado e perplexo. E deu início a uma corrida contra o tempo na busca não só de um nome para substituí-lo na disputa dentro da base aliada, mas também para compreender como será o rearranjo de forças a partir da saída da disputa da maior liderança política dos últimos 15 anos no ES.

Uma das pré-candidaturas postas é a da senadora Rose de Freitas (Podemos), que aparece em terceiro lugar na preferência popular nas pesquisas de intenção de votos divulgadas até o momento. Depois do "não" de Hartung a um quarto mandato, Rose preferiu não dar muitas declarações à imprensa. Nesta sexta (13), a senadora falou para o Folha Vitória, e disse que nos últimos dias tem feito uma intensa movimentação. 

Rose disse que já conversou com Ricardo Ferraço (duas vezes, a última delas hoje), com Magno Malta e Sérgio Vidigal, encontrou Lelo Coimbra numa agenda comum em Brasília e marcou um encontro (que será neste final de semana), e também falou por telefone com Amaro Neto, quando ficaram de agendar uma conversa pessoalmente. "Ele está refletindo antes de se decidir por lançar o nome, então estou respeitando o tempo dele, mas vamos conversar em breve", disse. Rose também vem mantendo reuniões com os mesmos partidos que o PSB do ex-governador Renato Casagrande namora: PSC, PTB, PTC, PV, PL e Avante. 

Em resumo, numa semana em que "mergulhou" na imprensa, Rose nadou de braçada nas conversas com grande parte das lideranças políticas que têm papel ativo no processo de busca por alianças. "Eu vou conversar com todas as forças políticas do estado. Já falei também com dezenas de prefeitos, senti em alguns inclusive um alívio, pois tinham certo constrangimento de ter que escolher entre meu nome e o do governador", revelou. 

Na última quinta (12) ela realizou a primeira reunião da pré-campanha, em Vitória, e já começa a falar em propostas e programa de governo. "É um projeto coletivo, de viés municipalista, que vai oferecer uma alternativa de gestão comprometida em manter a boa gestão e o equilíbrio fiscal, mas avançando nas políticas públicas, com um olhar maior para o social" conceituou Rose.

Alfinetada em Casagrande

Ao ser instigada a falar sobre a saída de Hartung da disputa, a pré-candidata do Podemos analisou que "todos têm o livre arbítrio de tomar decisões, ele (Hartung) é uma força política respeitável, o jogo zera de novo com essa decisão". Ela disse que o rebuliço desta semana se dá em função de que já havia um cenário definido de três pré-candidaturas e isso de repente mudou. E aproveitou a deixa para alfinetar Casagrande, externando uma ferida recente, quando os dois ainda conversavam sobre uma possível aliança. "Havia um desenho muito claro das candidaturas do governo e de Casagrande. Aliás, Renato já era candidato há muito tempo, acho que só eu acreditava que ele poderia não ser." 

Recorte do momento na base aliada

No recorte desta sexta, a base aliada - que tem mais de dez partidos - faz um discurso para fora de que permanece unida em torno de uma candidatura única, definiu quatro "pré-pré-candidatos" à vaga de Hartung e já modificou a agenda de reuniões, anunciando que, em vez da próxima segunda, haverá um novo encontro neste sábado (14), na sede do PSD, em Vitória. Na pauta, a expectativa em tornou de qual decisão vai tomar Amaro Neto.

O blocão, como é chamado, tem quatro possíveis substitutos para Hartung: o senador Ricardo Ferraço (PSDB), o deputado estadual Amaro Neto (PRB), o vice-governador César Colnago (PSDB) e o empresário Aridelmo Teixeira (PTB). 

No terreno especulativo, Ferraço seria o preferido de Hartung, mas estaria resistente a ideia - embora especula-se que essa resistência já foi maior no início da semana. Amaro estaria empolgado, conta com a simpatia do blocão, mas há rumores de que pode recuar em nome do consenso. Colnago sofreria a maior resistência dentro do grupo, mas é outro que parece muito querer a vaga. E Teixeira teria o nome colocado pelo PTB de olho numa possível vaga de vice na chapa.

Casagrande

Se o movimento feito por Hartung pegou de surpresa até os aliados mais próximos, quem dirá os grupos de oposição. Renato Casagrande (ex-governador e pré-candidato pelo PSB) segue fazendo eventos dentro do projeto "Conversa de Futuro" e dizendo publicamente que as movimentações do grupo adversário não interferem nas dele. Mas o fato é que Casagrande tem agora que repensar toda sua estratégia, já que há elementos que mexem com todo o cenário, como por exemplo uma possível ruptura da base aliada - que traz a necessidade do socialista oferecer alternativas na composição das coligações a fim de atrair possíveis dissidentes. Ou ainda, consolidar as conversas com os já praticamente aliados, para que não se sintam atraídos pelo blocão, dependendo do novo nome que surgir como cabeça de chapa. Ou por Rose, que, pelo visto, segue se movimentando.

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