Política

Só país em guerra civil teve queda do PIB como o Brasil, diz José Márcio Camargo

Redação Folha Vitória

O economista José Márcio Camargo, coordenador do programa econômico do pré-candidato à presidência da República pelo MDB, Henrique Meirelles, defendeu neste domingo, 29, o teto dos gastos públicos e afirmou que a sociedade não quer mais aumento de carga tributária e terá agora que discutir as prioridades dos gastos públicos. Ele ressaltou que a farra fiscal levou o Brasil à recessão de 2015 e 2016, quando o Produto Interno Bruto (PIB) per capta caiu 10%. "Só países em guerra civil tiveram esse tipo de comportamento na história."

Ao defender a necessidade do ajuste fiscal, o economista ressaltou que entre 1998 e 2013, o superávit primário do Brasil passou de 2% do PIB para 5%. "O país cresceu em média 4% ao ano, em média, nesse período." De 2009 para cá, o superávit primário caiu desse patamar para um déficit de 3% do PIB.

Além disso, Camargo ressaltou que no primeiro período, a dívida bruta atingiu 50% do PIB, mas no seguinte, a dívida saltou para 77% e o crescimento da economia foi negativo, com o PIB per capta encolhendo quase 10% em dois anos, em 2015 e 2016.

O economista disse que a economia cresceu 1% no ano passado e deve crescer 1,5% em 2018, reflexo da política do governo de Michel Temer de corte de gastos para a redução da dívida pública. "Uma das nossas propostas é rediscutir todas as renúncias ficais e a forma de fazer o Orçamento", afirmou o economista.

Com o teto, Camargo ressaltou que toda vez que um parlamentar quiser aprovar mais gasto para determinado setor, ele terá que justificar se este gasto é mais importante lá do que em outro segmento. "A partir desta emenda constitucional, a sociedade vai ter que discutir prioridades", disse ele. Antes, o economista destacou que os recursos extras para elevar os gastos públicos vinham de mais tributos, ou aumento da dívida pública ou de mais inflação.

Camargo participou de sabatina no evento "Conhecer - Eleições Presidenciais" na Casa de Portugal em São Paulo neste domingo. Questionado durante a sabatina se o teto não vai prejudicar os gastos com educação, tema principal do evento, o economista disse que no caso destas despesas, o teto fixa um mínimo, mas não um máximo de gastos.

No Brasil, o economista ressaltou que historicamente, desde a era Getulio Vargas, as grandes corporações passaram a ganhar grande importância e não necessariamente elas definem corretamente as prioridades da sociedade, mas de seus próprios grupos. "Está na hora de diminuir a importância das corporações e aumentar a importância da sociedade civil."

"O Brasil é um dos poucos países do mundo que tem impostos sobre importação de máquinas e equipamentos", disse ele, destacando que a compra desses produtos é fundamental para a inovação e do progresso tecnológicos. Camargo destacou que se existe este imposto e a alta burocracia de importação desses materiais é porque há um grupo de corporações interessadas na manutenção da situação atual.

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