Política

Presidente da Queiroz Galvão diz que 'nunca' pagou propinas a almirante

Redação Folha Vitória

São Paulo e Curitiba - O diretor-presidente da empreiteira Queiroz Galvão, Petronio Braz Junior, disse que 'não tem conhecimento' de que o Consórcio Angramon, que atuou nas obras de Angra 3, ou algum de seus representantes tenha oferecido propina ao ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva.

Preso em 28 de julho na Operação Radioatividade, etapa da Lava Jato que chegou à Eletronuclear, o almirante Othon Luiz está sob suspeita de ter recebido R$ 4,5 milhões em suborno de empreiteiras ligadas às obras de Angra 3.

"Não tem conhecimento de que o consórcio ou algum de seus representantes tenha oferecido vantagens indevidas para Othon Luiz Pinheiro da Silva ou outrem, visando obter facilidades na licitação", afirmou Petronio Braz Junior em depoimento em 3 de agosto. "Nunca autorizou ou realizou pagamentos ou vantagens indevidas relacionadas às obras sob responsabilidade do Consórcio Angramon a servidores da empresa Eletronuclear ou para outros agentes públicos, políticos ou para agremiações políticas, nem nunca autorizou pagamento de vantagens indevidas."

O ex-presidente da Camargo Corrêa Dalton Avancini, já condenado na Lava Jato por corrupção, afirmou em delação premiada que o diretor-presidente da Queiroz Galvão participou de uma reunião, em agosto de 2014, na qual se falou sobre 'certos compromissos do pagamento de propina ao PMDB (1%) e a dirigentes da Eletronuclear". Também estiveram na reunião Flávio David Barra, presidente da Andrade Gutierrez Energia e preso na Radioatividade, e os empresários Ricardo Ourique, pela Techint, Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia e delator, Fabio Gandolfo, pela Odebrecht, e 'um executivo de nome Renato', pela EBE.

"Gostaria de esclarecer que os consórcios Angra 3 e UNA3 já tinham vencido as licitações para as obras da usina Angra 3 em 2013, e que só restava assinar o contrato, o que ocorreu em setembro de 2014; que, por esta razão a reunião ocorrida em agosto ou setembro de 2014 não teve nenhuma influência nas licitações já ocorridas", relatou Petronio Junior. "O declarante desconhece qualquer ajuste prévio ao processo licitatório com a finalidade de fraudar o resultado do mesmo em benefício das empresas EBE, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, UTC, Techint, Odebrecht e Queiroz Galvão."

Petronio Junior disse que é diretor presidente da Queiroz Galvão desde dezembro de 2012. Ele afirmou que não tinha 'poder decisório da gestão do consórcio'. Segundo ele, a empreiteira tinha um representante no conselho do consórcio.

"A única reunião em que teria participado com estas empresas seria a já mencionada anteriormente; que, nunca pagou vantagens indevidas para Othon Luiz Pinheiro da Silva; que, não participa do quadro societário de nenhuma empresa; que, nunca utilizou a construtora Queiroz Galvão para legalizar ou repassar dinheiro oriundo de vantagens indevidas para Othon Luiz Pinheiro da Silva ou para outrem anteriormente; não houve qualquer discussão que o declarante tenha ouvido diretamente ou por meio de outrem acerca da fixação de valores e repasses que cada empreiteira do consórcio Angramon destinaria para Othon Luiz Pinheiro da Silva, conforme alegado por Dalton Avancini."

A prisão de Othon Luiz deixou a comunidade nuclear em choque. Nome de grande prestígio na área, o almirante, no fim dos anos 1970 (governo general Ernesto Geisel) participou diretamente do projeto do submarino nuclear brasileiro.

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