'O PT é responsável por boa parte do que aconteceu na política do Brasil', diz FHC em Vitória
Fernando Henrique Cardoso participou de um evento voltado para empresários e avaliou a situação política do Brasil neste período de campanha eleitoral
Durante um evento voltado a empresários, executivos e gestores capixabas, o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso concedeu uma entrevista coletiva na qual não deixou claro se haverá uma possibilidade de apoio do PSDB à chapa do PT em um possível segundo turno sem a presença do candidato tucano Geraldo Alckmin.
Questionado sobre essa alternativa, FHC até afirmou que o Partido dos Trabalhadores foi responsável por parte do que ele considerou como desastrado na política brasileira. “O partido (PSDB) quer que o Geraldo (Alckmin) ganhe e vá para o segundo turno. Eu sou uma pessoa aberta a democracia e se quer a aliança de um, como vou negar. O PT é responsável por boa parte do que aconteceu de desastrado na política do Brasil. Não posso querer isso”, afirmou.
O ex-presidente também afirmou que a situação da candidatura de Lula à presidência pode dificultar a compreensão do eleitor. FHC ainda lembrou que a situação é resultado de leis promulgadas pelo próprio candidato do PT, quando o mesmo ocupava a cadeira presidencial. “É uma situação historicamente dramática. A pessoa que foi presidente da República e que tem apoio de uma parte da população, só que têm leis no Brasil. A lei não foi feita por mim, foi assinada pelo presidente Lula”, disse.
FHC também disse que é lamentável ver que a situação chegou a esse ponto, mas reforçou que é preciso fazer com que se cumpram as leis. “Pode-se lamentar que chegamos a esse ponto. Ter um presidente preso em segunda instância. Mas tem que seguir a lei. Ele pode apelar? Pode, mas para outros tribunais, para ver se liberam. O povo diz que é perseguição, mas são vários presos. Se liberar um, e os outros? São muitos. Serão liberados também? Não pode!”, declarou o ex-presidente.
Fernando Henrique também falou sobre a necessidade de o brasileiro voltar a acreditar na democracia. Fato que, segundo ele, acontece em várias localidades do mundo, não sendo restrito apenas ao Brasil. “As pessoas se sentem um pouco não representadas. No nosso caso, temos outro problema que é a corrupção. A geração atual não passou por um regime autoritário. Eu passei. Eles não sabem o que é isso”, relatou.
Sobre o futuro da situação política brasileira, FHC disse não acreditar na volta de riscos do passado e ressaltou a importância do diálogo nas campanhas dos candidatos à presidência. “Não creio que haja riscos como o do passado, de golpe militar. Não vejo isso. Não vou julgar o desenvolver da campanha, mas há candidatos que são simplistas e acreditam que resolvem tudo porque tem força. Não é assim. Na democracia você tem que convencer os outros. Se não tem apoio, não adianta nada”, afirmou.
Fernando Henrique Cardoso foi presidente do Brasil por dois mandatos consecutivos (1995 - 2002) e atualmente é presidente de uma fundação que leva o seu nome, em São Paulo. Ele também é presidente de honra do Diretório Nacional do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). FHC preside também a Comissão Global sobre Política de Drogas e é membro do grupo independente de líderes globais Elders, fundado por Nelson Mandela.