Política

Em conversa com petistas, Lula critica nota de Levy a senadores

Levy divulgou a carta na tarde de ontem para agradecer um jantar oferecido a ele na véspera, com 52 senadores de vários partidos, na casa do líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE)

Redação Folha Vitória
Lula tem sido um crítico contumaz da política econômica de Levy Foto: Divulgação

Brasília - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta quinta-feira, 12, a nota escrita pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, na qual o comandante da economia pregou a segurança fiscal com corte de gastos e disse ser preciso enfrentar "as dificuldades de pagar impostos" para voltar a crescer, sem dar sinais de flexibilidade nas políticas de ajuste adotadas até agora.

Em conversa reservada com parlamentares do PT, em Brasília, Lula avaliou que o documento de Levy foi mais um "libelo" do "economês", em defesa do arrocho.

Levy divulgou a carta na tarde de ontem para agradecer um jantar oferecido a ele na véspera, com 52 senadores de vários partidos, na casa do líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE). O texto também causou mal estar no Palácio do Planalto porque, segundo auxiliares da presidente Dilma Rousseff, não conseguiu apontar com clareza para o futuro.

"Como observei, os instrumentos mais habituais de estímulo à economia já foram usados à exaustão. Portanto, teremos que trabalhar para enfrentar questões estruturais, de forma a dar competitividade ao país em um período em que não poderemos contar com os mesmos preços favoráveis para nossas matérias primas", escreveu Levy, em nota divulgada na quarta-feira.

"Enfrentar a burocracia, as dificuldades de pagar impostos e a incerteza nas regras de negócios é o imperativo para voltarmos a crescer e a espinha de nossa estratégia econômica."

Lula pressiona Dilma, nos bastidores, para substituir Levy pelo ex-ministro do Banco Central Henrique Meirelles. Alega que o governo precisa liberar mais crédito na praça e "vender" um discurso de "esperança", indicando onde quer chegar sem falar toda hora em corte, aumento de impostos, desemprego e inflação.

Embora o Diretório Nacional do PT tenha recuado publicamente das críticas mais ácidas a Levy, há duas semanas, nos bastidores o comentário é que o partido perderá toda a sua base social e terá extrema dificuldade nas eleições municipais de 2016, principalmente em São Paulo, se Dilma não der uma guinada na política econômica.

A presidente resiste a dispensar Levy, neste momento, porque, ao contrário de Lula, avalia que trocar o ministro da Fazenda agora passaria um sinal de fragilidade ao mercado financeiro, indicando descontrole nos rumos do governo.

Dilma já foi convencida, porém, de que é necessário afrouxar um pouco o ajuste fiscal para evitar que a recessão piore ainda mais. No Planalto, o comentário é que, se Levy não concordar com essas mudanças, sua situação ficará insustentável.

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