Política

Lisboa é contra impeachment por falta de evidências de crime de responsabilidade

Redação Folha Vitória

São Paulo - O economista e presidente do Insper, Marcos Lisboa, posicionou-se contrário ao impeachment da presidente Dilma Rousseff diante da falta de evidências de crimes de responsabilidade cometidos pela mandatária. Ele deu seu parecer sobre a questão durante palestra a empresários ligados à Câmara de Comércio França-Brasil (CCFB). "Eu tenho receio da banalização do impeachment", disse.

De acordo com Lisboa, a lei brasileira é um desastre, é vaga, permite tudo, tem cinco dezenas de itens e vai construir uma tradição da política. "E eu acho que para ela ser 'impichada' tem que ter grave o crime de responsabilidade. Se não tem, é a vida. Votaram errado, azar, aguente quatro anos", disse Lisboa, ressaltando não ter nenhuma simpatia pelo atual governo.

Contudo, segundo o presidente do Insper, se o atual governo continuar, não há outra maneira a não ser reconhecer os erros. Para ele, a única maneira seria Dilma adotar uma atitude diferente. "Ela teria que ser uma pessoa grande e não uma pessoa miúda. Teria que ser uma pessoa capaz de reconhecer que o Brasil vive uma grave crise, que sofreu mais que o resto do mundo, que crescia a 4% e passou a crescer 3%. A gente crescia a 4% e estamos em recessão. Estamos só do lado da Rússia e da Ucrânia. Algo deu muito errado aqui", avaliou o economista.

Segundo ele, o governo precisaria assumir a culpa e dizer que "o que deu de errado é culpa nossa e precisamos reconhecer os erros, (reconhecer) que a política adotada era bem intencionada, pretendia estimular o crescimento, mas fracassou". Para ele, era a hora de o governo chamar as principais lideranças para uma agenda comum. "Eu não vejo nenhuma outra saída a não ser esta", disse o presidente do Insper.

De acordo com ele, como estas sugestões não parecem casar com a atual personalidade do governo, o povo brasileiro irá continuar sofrendo por mais um tempo e terá que tentar construir com a base da melhor evidência possível, com os melhores dados, o que seria o caminho para preservar os benefícios sociais. "Agora, não dá para ficar no debate oportunista, naquele debate fácil, de se é fiscal ou desigualdade. Quando começam esses debates que querem desqualificar, ai é para a plateia", ponderou o presidente do Insper.

Na avaliação de Lisboa, "é impressionante como o problema é grave e as pessoas insistem em negar a gravidade do problema". "Não querem discutir reforma da Previdência, querem deixar para depois", diz o economista.

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