Política

"Na mesa que falta pão todo mundo tem razão",diz Ferraço sobre relação da Ales com Palácio

Theodorico Ferraço

Ferraço espera que questões políticas nacionais sejam resolvidas rapidamente porque país parou Foto: Divulgação/Assembleia

O presidente da Assembleia Legislativa, Theodorico Ferraço (DEM), finca o pé no chão e afirma que a Casa não abaixa a cabeça para o Executivo, contrariando as afirmações de alguns parlamentares que dizem que o Poder Legislativo virou mero carimbador de projetos de leis enviados pelo governo do Estado.

Ao contrário. Ferraço afirma que a Ales tem cumprido seu papel junto aos cidadãos ao aprovar leis de interesse do conjunto da sociedade.

Embora esteja acompanhando os embates na política nacional, que na última semana girou em torno do pedido acatado de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), e da cassação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), Theodorico Ferraço preferiu não emitir sua opinião contra ou a favor do afastamento da presidente. 

Mas ele assinalou a importância que existe de que tudo seja esclarecido com rapidez porque o país está parado aguardando um desfecho.

Leia a íntegra da entrevista.

Folha Vitória - Estamos chegando ao fim de mais um ano legislativo. Como o senhor analisa o ano de 2015?
Theodorico Ferraço -
Foi um ano de muitas dificuldades, principalmente, por causa da crise financeira pela qual passa o país. A Assembleia Legislativa do Espírito Santo cumpriu o seu papel não deixando na geladeira projetos de interesse do Estado. Não deu para somar o tanto que se desejava, atender regiões. O dinheiro foi pouco, o cobertor foi curto, mas do ponto de vista legislativo o papel dos deputados foi muito importante.

FV - E como foi a relação do Legislativo com o Executivo em 2015. Durante várias sessões alguns deputados disseram que o Legislativo agira com subserviência ao Executivo. Como o senhor avalia esta afirmação?
TF -
O deputado que é governista tem sempre uma alcunha de subserviência porque vota os projetos de interesse do conjunto da sociedade. É preciso ver que os projetos são em favor do Estado e não do Executivo, especificamente. A independência é harmônica. Mas no entendimento dos oposicionistas existe uma fragilidade nessa independência. Eles dizem que não deveríamos apoiar nada que vem do Executivo. Eu vejo que não cabem radicalismos nos nossos dias de hoje. Existe respeito, que é importante. Ainda não fizemos milagre. Não descobrimos a fórmula de desenvolver as ações sem dinheiro. Reclamações todos têm. Na mesa que falta pão todo mundo tem razão.

FV - Ano que vem teremos eleições municipais. O senhor acredita que o funcionamento será normal? Nas eleições passadas, a Casa deu uma parada…
TF -
A gente tem dificuldade para ter quórum, principalmente, porque alguns deputados serão candidatos em seus municípios. Mas o pensamento é que todos os deputados cumpram metas e obrigações. Quem não puder deve pedir licença. A Assembleia não pode pagar o preço de uma eleição. Esse é o pensamento de todos os deputados. Essa Assembleia é muito responsável. Não se pensa em outra coisa a não ser em trabalhar.

FV - O senhor será candidato? Em Cachoeiro de Itapemirim ou Itapemirim?
TF -
Não me arrisco em falar em candidatura. Como presidente da Assembleia terei de ser imparcial, neutro. Tenho que ter uma convivência em igualdade de condições com todos os partidos. Pois para quem estiver em lados opostos é normal que o presidente não se meta, que tenha uma boa convivência e um bom trato. 

FV - Como está a relação do Legislativo com o Ministério Público Estadual?
TF -
O Ministério Público para nós, como Instituição, é sagrado. Divergências podem ser ocasionadas. É normal. O que não pode é o desrespeito com a Instituição. O Ministério Público tem boa convivência com todos. É obrigação do Ministério Público defender a cidadania, o direito à cidadania. E os deputados não são diferentes. Divergências entre um e outro podem acontecer. O que temos a dizer é que o Ministério Público, sob o comando do doutor Eder Pontes, transmite honradez, sabedoria e respeito.

FV - E a questão do reajuste dos servidores do Legislativo… Como ficou?
TF -
Nós sempre seguimos dentro de um contexto orçamentário, um trabalho que deve ter unidade entre os poderes. Se não tem dinheiro para aumentar, como dar aumento? O orçamento está diminuindo em vez de aumentar. O orçamento está muito deficiente e não está reagindo. Temos que nos contentar, pelo menos, em pagar em dia. Se quiser fazer milagre sem dinheiro, ficará mal no contexto de defesa do erário público. Só podemos gastar o que temos.

FV - O Brasil atravessa uma crise política muito séria. O senhor é favorável ou contrário ao impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT)?
TF -
Não estou querendo dar opinião. Este é um problema do Congresso Nacional. O que digo é que é preciso encontrar solução urgente para que tenha ou para que não tenha o impeachment, porque o país sofre com isso. Perde-se a estabilidade moral e econômica vivendo do jeito em que estamos. Precisamos de uma saída. É preciso mostrar que o Brasil é grande.

FV - E o que o senhor acha da suspensão do recesso no Legislativo federal? É a favor ou contra?
TF -
Se for necessário, que se faça o trabalho durante o recesso. Tudo de acordo com a necessidade do país. Se no Espírito Santo houvesse necessidade de apreciação de projeto importante para o Estado, não haveria problema em interromper o recesso.