Órgão afirma que faz parte do comitê de monitoramento da ADPF e tem prerrogativa legal para acompanhar as investigações. Defensora diz vai peticionar ao STF
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

A megaoperação policial nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, foi classificada pelo governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), como a mais letal já registrada no país. O capixaba participou, na noite de quarta-feira (29), do programa O Grande Debate, da CNN Brasil, ao lado do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil).

A ação, deflagrada na terça-feira (28), tinha como alvo integrantes do Comando Vermelho e resultou em pelo menos 121 mortos, entre eles, quatro policiais, além de 113 presos.

De acordo com levantamento do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni/UFF), essa é a operação mais letal da história do estado do Rio de Janeiro, superando a chacina do Jacarezinho, em 2021.

Depois da audiência entre o governador Cláudio Castro e o ministro Alexandre de Moraes, o que se observa é que o número de pessoas mortas nesse confronto é muito alto. É a operação mais letal que já assistimos.

Renato Casagrande, governador do Espírito Santo

Casagrande destacou que a violência extrema não pode ser usada como parâmetro para medir o sucesso de uma operação. Para ele, a ausência de uma ocupação permanente do Estado nas comunidades pode fazer com que o problema volte a se repetir.

O governador capixaba disse que, embora a operação tenha resultado em prisões e apreensões de armas, o principal objetivo, prender o líder da facção, não foi alcançado. Segundo ele, “boa parte das pessoas mortas representa os ‘soldados’ do crime organizado”, o que significa que a estrutura da facção ainda permanece ativa.

Casagrande também afirmou que o Ministério Público tem papel essencial na avaliação da operação, para garantir transparência e controle sobre a atuação policial. “O tempo vai dizer se essa operação foi de fato um sucesso”, avaliou.

Rio tem contexto de segurança pública complexo

O governador ainda chamou atenção para o contexto complexo da segurança pública no Rio, marcado pela disputa entre o tráfico e a milícia. Ele destacou que qualquer ação desse porte precisa ser acompanhada por políticas sociais e ocupação permanente nas áreas conflagradas.

Casagrande comparou o cenário fluminense com a experiência capixaba. Ele lembrou que, em 2011, o Espírito Santo era o segundo estado mais violento do país, mas conseguiu reduzir os índices de homicídios com o programa Estado Presente, que combina policiamento com ações sociais.

O mais importante não é a operação em si, mas a capacidade do Estado de se manter presente nas comunidades. Só assim é possível impedir o retorno das facções e evitar que tragédias como essa se repitam.

Renato Casagrande, governador do Espírito Santo
Leiri Santana, repórter do Folha Vitória
Leiri Santana

Repórter

Jornalista pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e especializada em Povos Indígenas.

Jornalista pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e especializada em Povos Indígenas.