Política

Oposição pedirá na CCJ substituição de Bonifácio na relatoria de denúncia

Oposição pedirá na CCJ substituição de Bonifácio na relatoria de denúncia Oposição pedirá na CCJ substituição de Bonifácio na relatoria de denúncia Oposição pedirá na CCJ substituição de Bonifácio na relatoria de denúncia Oposição pedirá na CCJ substituição de Bonifácio na relatoria de denúncia

Brasília – A oposição promete fazer pressão na próxima semana para que o deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) seja destituído da relatoria na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer. Enquanto o tucano prepara seu parecer sobre o pedido da Procuradoria-Geral da Republica (PGR), que será apresentado na próxima terça-feira, 10, a oposição vai insistir que o relator não tem isenção para conduzir o trabalho.

O mais novo argumento para pedir sua substituição é a informação de que Bonifácio revelou à cúpula tucana que o próprio Temer ligou para pedir que ele aceitasse o convite para relatar o processo, conforme revelou o blog do jornalista Gerson Camarotti, da Globonews. A informação foi confirmada com tucanos pelo Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, e, segundo fontes do partido, a ligação teria ocorrido quando a segunda denúncia chegou à Câmara dos Deputados.

Bonifácio afirma que a informação é improcedente, que a conversa nunca existiu e que não aceitaria uma ligação de Temer ou dos ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria Geral da Presidência da República), também denunciados na peça. “Se me ligarem eu não atendo. E por que não atendo? Porque a polícia fica grampeando. Infelizmente a polícia é contra eles (do governo) também. Eu sou doido de falar alguma coisa? Eles vão grampear e vão dar (a relatoria) para o PT”, reagiu o tucano.

A oposição, que vem criticando há uma semana a escolha de um governista para a função, disse que a revelação torna inviável a permanência de Bonifácio na relatoria. “Vamos contestar, isso é gravíssimo. Ele não pode ser mais o relator”, disse o deputado Júlio Delgado (PSB-MG).

O deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) disse que vai requerer formalmente a troca do relator. “Se isso for verdade, é gravíssimo. Não pode o réu escolher o juiz que vai julgá-lo. Isso fere a separação de Poderes e os preceitos básicos do Direito Penal”, afirmou o parlamentar fluminense.

Vaga contestada

Essa não será a primeira contestação formal contra o tucano. Ontem, o deputado Sérgio Zveiter (PODE-RJ) – relator do parecer que pedia a admissibilidade da primeira denúncia contra Temer e que foi rejeitado pelo plenário – protocolou um requerimento solicitando que o presidente da comissão, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), indefira a inclusão de Bonifácio na vaga cedida pelo PSC no colegiado.

No pedido, o deputado – que deixou o PMDB após defender o prosseguimento da primeira denúncia – pedia que Pacheco “se digne em indeferir a manobra que está sendo utilizada pelo PSDB” de permitir que Bonifácio siga na comissão como representante do PSC. O deputado conclui que o partido não pode fazer crer que o tucano, estando em vaga cedida por outra sigla, não estará “atuando como parlamentar de sua agremiação, com o seu apoio”.

As chances dos dois pedidos prosperarem são mínimas. Pacheco deve se basear em uma questão de ordem de 2009, onde a presidência da Câmara determinou que um relator só pode ser destituído se ele faltar a reunião de votação do parecer ou se atrasar muito a apresentação do relatório.

Já o requerimento de Zveiter deve ser indeferido sob o argumento de que só cabem aos líderes partidários indicar, destituir ou ceder vaga em comissões aos parlamentares, ou seja, o presidente da comissão não pode interferir no processo de preenchimento das vagas do colegiado.

Gesto

Ontem, Bonifácio foi destituído da vaga de suplente do PSDB na CCJ. Horas após o anúncio, o PSC anunciou que cederia sua única suplência para que o tucano continuasse na comissão e à frente da relatoria.

A costura da operação para abrigar Bonifácio teve o aval do Palácio do Planalto. O PMDB cederia uma de suas cadeiras na comissão se não houvesse outra alternativa, mas pregava que a oferta viesse de outro partido que não o do presidente da República. Coube ao PSC, do líder do governo no Congresso, deputado André Moura (SE), atender à demanda da base aliada.

A oferta a Bonifácio foi vista como um gesto de Moura para se reafirmar como homem de confiança de Temer. Moura, que chegou a ficar fora da liderança do governo na Câmara e depois foi deslocado para a liderança do governo no Congresso, negocia a ida para o PMDB de Temer. “O líder do governo quis deixar resolvida logo essa questão”, explicou o vice-líder do PMDB na Câmara, Carlos Marun (MS).