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Oposição quer que Renan Calheiros explique parecer sobre CPI Combo

Oposição quer que Renan Calheiros explique parecer sobre CPI Combo Oposição quer que Renan Calheiros explique parecer sobre CPI Combo Oposição quer que Renan Calheiros explique parecer sobre CPI Combo Oposição quer que Renan Calheiros explique parecer sobre CPI Combo

Brasília – Senadores da oposição querem explicações do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), sobre a mudança do sentido de uma decisão do Supremo Tribunal Federal para justificar a criação de uma “CPI combo” da Petrobras. Os parlamentares classificaram o episódio como “grave” e que caberia, pelo menos, uma retratação do presidente da Casa.

 

Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo desta quinta-feira, 10, revelou que, ao defender sua posição favorável à CPI de vários fatos desconexos, Renan disse que um habeas corpus concedido pelo Supremo na década de 90 “pacificou” o entendimento da Corte máxima de que “novos fatos determinados podem ser incorporados ao rol inicial” dos pedidos de CPIs. Contudo, ao Estado, Brossard, relator do habeas corpus, e o ex-ministro Carlos Velloso, que participou do julgamento, rebateram o entendimento de Renan que teve da decisão e afirmaram que só se pode acrescentar novos fatos a uma CPI no curso das investigações e caso eles tenham conexão.

A comparação da frase de Renan com o texto original – do então ministro Paulo Brossard – revela, contudo, que a frase citada por Renan foi editada e seu contexto alterado. Na sua manifestação, o presidente do Senado transcreveu o que Brossard afirmou há 20 anos: “O que não quer dizer que outros fatos inicialmente imprevistos não possam ser aditados aos objetivos da comissão de inquérito já em ação.” O parágrafo original, que consta do acórdão da decisão, é: “…o que não quer dizer não possa haver tantas comissões quantas as necessárias para realizar as investigações recomendáveis, e que outros fatos, inicialmente imprevistos, não possam ser aditados aos objetivos da comissão de inquérito já em ação.”

“É grave e se foi um equívoco da assessoria que preparou a decisão cabe ao presidente fazer uma retratação da Mesa do Senado Federal”, afirmou o vice-líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), que pedirá a Renan que se explique esta tarde em plenário. Segundo o tucano, “realmente” todas as decisões analisadas pela oposição orientam em outro sentido ao entendido por Renan. “(As decisões) dão força para que uma CPI só pode ter fatos determinados e conexos ao principal”, completou.

Questionado se pode te havido dolo de Renan ao alterar o entendimento do Supremo, Alvaro Dias disse que prefere aguardar as respostas de dele. “Eu prefiro não prejulgar o presidente do Senado, acusando-o de má-fé e espero as explicações na tarde de hoje”, afirmou.

O presidente do Democratas, senador Agripino Maia (RN), lembrou que a oposição pretende com o mandado de segurança do Supremo justamente garantir o direito da minoria de fazer uma CPI. “O que Renan esta fazendo é o papel semelhante a que Romero (Jucá, relator do recurso na CPI) fez: prestar serviços ao governo”, afirmou.

Com base na decisão do Supremo, Renan decidiu pela ampliação da CPI para investigar, além da Petrobras, o cartel do metrô em São Paulo e Brasília e suspeitas na obra do Porto de Suape, em Pernambuco. O foco da base aliada, que propôs essa investigação, é atingir o PSDB de Aécio Neves e o PSB de Eduardo Campos.

Agripino Maia disse que os ex-ministros “coonestam” a tese da oposição e, por essa razão, ele acredita que o Supremo concederá a liminar em favor do pedido de CPI exclusiva do Senado. “O nosso direito é absolutamente escancarado”, afirmou. “Onde é que o presidente Renan encontrou amparo e em quem?”, questionou.