Com 27.876 filiados no Estado, quatro prefeitos, 31 vereadores e um deputado estadual, o PDT tem montado estratégias e recalculado a rota para sobreviver às eleições de 2026.
Nacionalmente, o partido de Leonel Brizola tem discutido com o PSB – e com outras legendas – a possibilidade de formar uma federação para o ano que vem. Na próxima terça-feira (20), haverá um encontro nacional da legenda e o assunto deverá entrar em pauta.
Aqui, o PDT tem se mobilizado para fortalecer a legenda em todo o Estado com dois principais objetivos: montar uma chapa competitiva para a Câmara Federal e superar a frustração de 2022, além de alcançar “peso” suficiente para ter voz nas negociações da disputa majoritária de 2026.
“Nós queremos e precisamos estar na mesa de diálogo da majoritária, queremos estar no processo. É o desejo de todo partido. Para isso, precisamos fazer o dever de casa e estar estruturado em todo o Estado”, disse o presidente estadual do PDT, Alessandro Comper, à coluna De Olho no Poder.
Por “diálogo da majoritária”, o dirigente cita as discussões sobre a sucessão do governador Renato Casagrande (PSB), além também das vagas de vice na chapa e do segundo nome para o Senado. O partido tem, como principal ativo a apresentar, o ex-prefeito da Serra e secretário estadual de Desenvolvimento, Sergio Vidigal.
O ex-prefeito chegou a ser citado pelo próprio Casagrande como uma opção à sucessão, caso o vice-governador Ricardo Ferraço (MDB) não se viabilize. Ricardo é o “plano A” e Vidigal faz parte de uma lista, com outros quatro nomes, de um eventual “plano B”.
O partido, porém, trabalha com as três possibilidades para Vidigal: ser o nome do grupo na sucessão de Casagrande, ser o vice da chapa encabeçada por outro candidato, ou ainda fazer uma dobradinha com Casagrande para o Senado. E, segundo Comper, Vidigal assina embaixo.
“Vidigal tem se colocado à disposição, porque ele respira o PDT. Ele é crucial nesse processo de diálogo com as lideranças e de fortalecimento do partido”, disse Comper.
Contudo, o dirigente sabe que para ter voz para brigar por esses cargos, o partido precisa reagir. Como tem ocorrido com muitas legendas de médio porte, o PDT sofreu um enfraquecimento nos últimos anos e perdeu parte de sua influência.
A legenda, que já elegeu 30% da bancada federal capixaba de uma só vez – três deputados federais numa bancada com 10 cadeiras –, em 2022 não conseguiu eleger nenhum. Algo inédito para o partido no Estado, segundo Comper.
Até por questão de sobrevivência e de poucas alternativas na mesa, o presidente é favorável a federar com o PSB. Embora o tema não tenha sido debatido na instância estadual, ele afirmou que o sentimento da maioria do partido é favorável.
“Se for pegar o histórico nacional, o PDT na última eleição fez 17 federais. O partido tinha o dobro na eleição anterior. É uma tendência nacional, os partidos se juntarem, porque é cada vez mais difícil formar uma chapa competitiva. Então, por que não experimentar (a federação), já que tem prazo para terminar?”, questionou Comper.
Ele ainda fez uma avaliação sobre a eleição passada para deputado federal, quando o PDT bateu na trave e ficou de fora da Câmara dos Deputados por não atingir o número de votos necessário para conquistar uma cadeira.
“Se em 2022 estivéssemos federados, poderíamos ter feito um federal. Faltou robustez na chapa, tivemos só dois candidatos puxadores de voto”, disse Comper, referindo-se à ex-deputada Sueli Vidigal, que teve 58.251 votos, e ao jornalista Philipe Lemos, que conquistou 45.260 votos.
Desafio maior para 2026
Para o ano que vem, o desafio de formar uma chapa competitiva deve ser ainda maior, já que Comper não deverá contar com os dois ex-candidatos da eleição passada.
Segundo o próprio presidente, Sueli não deve participar das eleições. E, Philipe, embora ainda esteja filiado ao PDT, está distante e deve mudar de partido, como ele mesmo informou à coluna De Olho no Poder nesta sexta-feira (16).
“Atualmente a relação com o PDT é um pouco distante. Considero real a chance de migrar para outro partido. Mas não farei isso sem antes conversar. Recentemente fui procurado por um membro da Executiva estadual. Em breve, devo encontrar Vidigal para um bate-papo”, disse o jornalista, que após deixar a Secretaria Estadual de Turismo ocupa uma diretoria na Cesan.
Philipe sinalizou que irá participar do processo eleitoral do ano que vem: “Tenho respeito pelo PDT. Afinal, foi o primeiro partido que acolheu e viabilizou minha candidatura em 2022. Reforço que tenho uma ótima relação com Weverson (prefeito), Sergio Vidigal, Sueli e outros membros do partido. No entanto, preciso de laços fortes para 2026”.
A cotação nos bastidores é que Philipe vá para o Podemos e dispute uma vaga de deputado federal. Ele, porém, não crava: “Prefiro aguardar a conclusão de algumas federações que podem ocorrer nos próximos meses”, disse. O Podemos está a um passo de se fundir com o PSDB, a decisão deve sair no mês que vem.
Voltando ao PDT, a meta de Comper para o partido é eleger ao menos um federal e de dois a três deputados estaduais no ano que vem. E, se a federação não vingar, já há quem defenda que Vidigal vá para o “sacrifício” e dispute a eleição para a Câmara dos Deputados.
Para além das questões locais, o PDT nacional enfrenta turbulências internas com uma ameaça de debandada do grupo ligado ao ex-ministro Ciro Gomes. Se a ameaça se concretizar, a pressão para que o PDT nos estados foque na eleição para deputado federal deve aumentar.
Vale lembrar que o que conta mesmo para os partidos obterem recursos e tempo de TV para as campanhas é o tamanho de sua bancada na Câmara Federal.
Formação política
Além da busca por nomes competitivos, o PDT também vai focar na formação de novos líderes. A disputa na Serra, com a eleição do jovem Weverson Meireles (PDT) para prefeito do maior município do Estado, abriu um caminho na legenda para que novas lideranças conquistem espaços de destaque na sigla.
Neste sábado (17), o partido vai promover, por meio da Fundação Leonel Brizola, o “Seminário de Formação Política para filiados do PDT/ES”. O evento acontece em Laranjeiras, na Serra, e deve contar com cerca de 50 a 60 pedetistas. Vidigal também estará presente.
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