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Pacote do governo foi bastante razoável, diz secretário da Fazenda de SP

Pacote do governo foi bastante razoável, diz secretário da Fazenda de SP Pacote do governo foi bastante razoável, diz secretário da Fazenda de SP Pacote do governo foi bastante razoável, diz secretário da Fazenda de SP Pacote do governo foi bastante razoável, diz secretário da Fazenda de SP

São Paulo – O secretário de Fazenda do Estado de São Paulo, Renato Villela, afirmou que o pacote que surgiu da renegociação das dívidas dos Estados com o governo federal foi “razoável” e que a aplicação de limitação dos gastos também para as unidades federativas é “muito importante”.

“Acho que essa negociação foi um caso de sucesso onde quando alguns saíram insatisfeitos com a solução”, comentou, em reunião que ocorre nesta segunda-feira, 27, durante encontro semanal do Conselho de Economia (COE) da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), na sede da entidade.

“Já a aplicação do teto dos gastos também para os Estados é muito importante, poderoso, pode levar a uma redução de carga tributária, embora sua discussão não seja nova, já vem de 10 anos. Além de limitar os gastos, flexibilizando as despesas de uma certa maneira, a medida tem a vantagem de separar os gastos por Poder. É um grande avanço, já que coloca a discussão de forma transparente entre os Poderes”, disse.

Ele explicou que há três grupos diferentes de situação fiscal dos Estados: o de “caos completo”, onde estão inseridos Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul; o dos Estados do Nordeste, que têm endividamento com a União muito baixa, mas que precisam de um alongamento de financiamentos passados obtidos com o BNDES; e o “mais normal”, de Estados que têm serviço de dívida mais significativo, mas que não estão em situação crítica.

“No geral, o pacote foi bastante razoável. Para os três casos mais graves, a solução foi razoável e todo mundo entendeu. A solução também atende àqueles que tem a situação mais normal. Já para os Estados do Nordeste, o BNDES apresentou pacote de alongamentos, mas há outros que trazem regulatórias para o banco, mas estão tentando superá-las”, informou, citando o caso de São Paulo.

Conforme Villela, todo o pacote depende de formalização através de um projeto de lei complementar (PLC), de número 257, que já está no Congresso, mas que foi alvo de emendas na gestão federal anterior e que precisa ser revisto.

“O risco é total da PLC não sair conforme o combinado. A pressão será muito forte se não sair essa PLC – o pacote do ajuste de dívida não é questão somente de prazo de não-pagamento e tem também o alongamento de 20 anos dos débitos e é esse alongamento que precisa da PLC”, esclareceu.

Ele tem expectativa de que a aprovação da PLC ocorra rápido, não no prazo esperado pelo governo, que seria hoje, mas em julho. Ele lembra que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de que os Estados teriam 60 dias para resolver a questão dos débitos com a União foi publicada em 5 de maio e não no dia 27 de abril.

O secretário ainda ressaltou que, além da adoção de teto, foram acordadas na reunião com o governo federal ações de curto prazo, como ajustar jornada de trabalho com vencimentos, entre outros. “O que é bom para combater as questões estruturais de médio e longo prazo”, declarou.

Villela comentou que a necessidade de refinanciamento das dívidas das unidades federativas veio do descompasso “muito grande” entre o crescimento da demanda da população, com aumento dos gastos públicos, e o que se vem arrecadado, refletindo a menor capacidade do privado de pagar tributos.

“O que se tem mais falado é que houve excesso de gastos sem pensar no futuro. Isso não é bem verdade”, disse, citando o aumento de custos com pessoal e gastos com Previdência, que precisa ter reformas em suas regras.

“Além do impostômetro no prédio, acho que vocês deveriam colocar o gastômetro, para as pessoas verem o quanto aplicamos e para elas entenderem o que está acontecendo hoje”, afirmou, brincando, citando o painel que fica em frente ao prédio da Associação Comercial e mede os gastos com impostos.

Villela afirmou, porém, que não haverá redução de carga tributária no Estado. Segundo ele, movimento nesse sentido seria “olhar somente um dos lados do problema” e “contraproducente”.

Villela, que foi secretário de Fazenda do Rio, considera que no Estado vizinho houve euforia e otimismo em relação à possibilidade de o Estado se recuperar do “baque” da década de 60. Daí os gastos foram sendo contratados sem grande preocupação, o que complicou a situação financeira do Estado.

Com relação a São Paulo, Villela disse que a situação piorou por conta do recrudescimento da crise econômica, onde a arrecadação diminuiu muito, mas que desde a época da gestão do governador Mario Covas (PSDB) há uma postura de responsabilidade fiscal.

“Fez-se muito contingenciamento desde aquela época. E vamos continuar fazendo. Não vamos ter problema em São Paulo até o final do ano. Quer dizer, só teremos se não tivermos pressão de aumento de gasto ou mesmo a economia não piorar mais, mas já há sinais de estabilidade”, falou.

No geral, o secretário estadual acredita que para fazer ajuste fiscal no País hoje, seja em nível estadual, municipal ou federal, é necessário se comprometer algumas coisas do futuro e do presente, principalmente, em demandas da população.

“Só que essas medidas pouco afetam o que o Estado tem que ficar tributando, porque trazem efeitos negativos. Há de se trabalhar nos gastos e investimentos que acabam gerando serviços ou investimentos”, avaliou.