O padre e influenciador capixaba Patrick Fernandes, de 37 anos, desembarcou em Brasília, na manhã desta quarta-feira (21), para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets, no Senado Federal.
O religioso, que posssui aproximadamente 7 milhões de seguidores nas redes sociais, foi convidado a participar da CPI pelo senador Dr. Hiran (PP-RR). O padre fez críticas ao mercado de apostas online e destacou o uso da “conta demo” nas divulgações.
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“Há famílias destruídas por conta de jogos. Temos visto os vícios em jogos se alastrarem como nunca visto”, disse o religioso.
Padre Patrick diz que quem divulga, peca
Patrick levou o tema para o lado do cristianismo, afirmando que Deus não está no coração das pessoas que divulgam as bets nas redes sociais para atrair pessoas e viciá-las.
O dinheiro pode ser tentador, mas existe no coração do ser humano uma sede que não é saciada nunca, onde parece que quanto mais se tem, mais se quer. Falta ao ser humano a compreensão de Deus, que é capaz de saciar essa sede. Existe uma ausência de Deus no coração dessas pessoas que estão divulgando. A gente acredita que é pecado e contrário à dignidade humana, e, quem divulga, peca mais ainda, disse o padre.
Natural de Santa Teresa, o padre também afirmou que os jogos contam com uma "conta demo" por trás da divulgação dos jogos online. Ele ainda destacou que as pessoas mais afetadas pelo vício em bets são os mais pobres e humildes, que “não tem o mínimo para viver”.
Patrick disse que já foi convidado a realizar publicidades sobre alguns jogos de apostas.
Eu lembro de uma, não sei dizer qual delas, me oferecendo, naquela época, R$ 560 mil para divulgar. No início, eu tinha 1 milhão de seguidores no Instagram. Geralmente, as divulgações são feitas duas vezes na semana. Dois stories, três stories, eles mandam o briefing. Só que ali, eu já não aceitei. Tem agência que cuida disso, e eles já sabem que eu não aceito, contou.
Antes de depor, padre Patrick Fernandes disse, em suas redes sociais, que estaria indo ao Senado Federal para “falar mal das bets”.
“Estou indo como convidado e estou indo lá para falar mal da bets. Acho que é uma obrigação profética da Igreja, inclusive. Se existem pessoas que estão perdendo sua dignidade por conta de jogo, viciadas e tomadas, a Igreja tem obrigação de se manifestar em relação a isso“, defendeu.
O padre revelou que tem recebido críticas após ter anunciado que iria à CPI denunciar as apostas. “Eu acho isso o cúmulo. É um absurdo pensar dessa forma. Eu posso ser naquele lugar voz profética. Estou indo lá para denunciar jogos”, disse Patrick.
VEJA VÍDEO:
O convite para o depoimento de padre Patrick foi aprovado por requerimento feito pelo senador Dr. Hiran (PP-RR), presidente da CPI das Bets.
Segundo o senador, o colegiado considera importante ouvir figuras públicas que falem sobre a “percepção social e moral” da população sobre o tema.
O padre foi escolhido para prestar depoimento por conta de seu trabalho com a juventude e com a família. O religioso também aborda em sua rede social termas como saúde emocional e efeitos do uso excessivo da tecnologia.
O senador Izalci Lucas (PL-DF) defendeu que o debate sobre as apostas deve abordar aspectos que vão além de “interesses econômicos”.
“A colaboração [do padre Patrick] representa uma oportunidade singular de trazer voz de autoridade moral para um debate que, por vezes, se restringe a cifras e interesses econômicos”, disse.
Padre diz que regras são ineficazes
Em resposta ao senador Izalci, o padre Patrick afirmou que as regras para limitar o uso prejudicial de jogos de apostas pelos usuários são ineficazes e sugeriu o fim da publicidade de influenciadores digitais para apostas virtuais.
As regras para publicidade no setor se baseiam na Lei 14.790, de 2023, e na Portaria 1.231, de julho de 2024, do Ministério da Fazenda.
Padre Patrick elogiou a CPI pela mobilização e divulgação de informações sobre os impactos do setor de apostas. Entre as vedações estão, por exemplo, fazer promessas de ganhos falsos e incentivar o público infantil.
*Texto sob supervisão da editora Erika Santos, com informações da Agência Senado
Estagiário
Estagiário do Folha Vitória, graduando em Jornalismo, pela Faesa, e em Letras, pelo Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes)
