Complexo Penitenciário da Papuda
Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

O Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, voltou a tomar conta do imaginário nacional após o Supremo Tribunal Federal (STF) tornar as condenações dos réus pela trama golpista, chefiada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), definitivas e determinar o cumprimento das penas.

Por enquanto, Bolsonaro, condenado a 27 anos e três meses de prisão por liderar uma organização criminosa que previa um golpe de Estado para mantê-lo no poder mesmo após a derrota nas urnas nas eleições de 2022, continua preso na Superintendência da Polícia Federal.

O ex-presidente teve prisão preventiva determinada no sábado (22) após violar, com um ferro de solda, a tornozeleira eletrônica que utilizava. Ele estava em prisão domiciliar desde agosto por descumprir medidas cautelares determinadas na ação que apura coação no curso do processo da trama golpista.

A transferência de Bolsonaro para a Papuda, no entanto, não é descartada. Caso aconteça, o ex-presidente ficará no 19º Batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), conhecido como Papudinha, e será o primeiro ex-presidente do Brasil a cumprir pena no complexo penitenciário da capital federal.

Apesar de nunca ter recebido um ex-chefe do Executivo, o presídio já recebeu grandes nomes da política, se tornando um símbolo de punição aos representantes do povo brasileiro que cometeram crimes.

Presos políticos na Papuda

O Complexo Penitenciário da Papuda é famoso por ter recebido os condenados pelo Mensalão e da Operação Lava-Jato. Lá também já foram presos governadores, ministros, senadores, deputados, secretários e servidores.

  • José Dirceu: Nome importante do PT, o ex-deputado federal foi condenado a sete anos e 11 meses de prisão por corrupção ativa no caso do Mensalão. A partir de 2013, até ser liberado para cumprir pena em regime domiciliar, ele passou 11 meses em regime fechado na Papuda. Ele retornou à prisão em 2018 após condenação na Lava-Jato por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
  • José Genoíno: O ex-deputado federal do PT também foi levado à Papuda após condenação pelo Mensalão, mas, por determinação do então ministro do STF Joaquim Barbosa, logo foi liberado para cumprir pena em casa. Depois, teve a pena extinta por indulto natalino assinado pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
  • Paulo Maluf: Ex-governador e prefeito de São Paulo, Maluf foi preso na Papuda em 2017 após condenação por desvios de recursos públicos na década de 1990. Em 2018, passou para o regime domiciliar. Em 2023, teve as condenações extintas por indulto de Natal assinado, em 2022, pelo então presidente Jair Bolsonaro.
  • Natan Donadon: O ex-deputado federal foi o primeiro parlamentar em exercício preso na Papuda por determinação do STF. Em 2013, ele foi condenado por peculato e formação de quadrilha; as penas somaram 13 anos e quatro meses. Em 2015, progrediu para o regime semiaberto e, em 2019, teve a condenação extinta.
  • Luiz Estevão: O ex-senador preso em 2016 foi condenado dez anos antes a 31 anos de prisão por fraudes nas obras do Tribunal Regional do Trabalho do estado de São Paulo (TRT-SP). Em 2020, por ser considerado grupo de risco para o covid-19, passou para o regime domiciliar. Em 2022, ele foi condenado novamente, dessa vez a nove anos de reclusão, pela corrupção de quatro policiais para obter regalias no presídio durante o período em que esteve preso. No ano seguinte, ele recebeu o indulto de Bolsonaro.
  • Geddel Vieira Lima: Ex-ministro do governo Michel Temer, ele foi preso preventivamente na Papuda em 2017, depois de a Polícia Federal ter apreendido R$ 51 milhões em um apartamento dele, em Salvador. Em 2018, chegou a passar dez dias na “solitária” após brigar com um agente penitenciário. Em 2019, foi transferido para uma prisão em Salvador.

A Papuda também já recebeu três ex-governadores do Distrito Federal: José Roberto Arruda, governador de 2007 a 2010; Agnelo Queiroz, governador de 2011 a 2014; e Joaquim Roriz, preso em 2007 após renunciar do mandato de senador para se livrar de um processo de cassação.

Julia Camim

Editora de Política

Atuou como repórter de política em jornais do Espírito Santo e fora do Estado. Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa, é formada no 13º Curso de Jornalismo Econômico do Estadão em parceria com a Fundação Getúlio Vargas.

Atuou como repórter de política em jornais do Espírito Santo e fora do Estado. Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa, é formada no 13º Curso de Jornalismo Econômico do Estadão em parceria com a Fundação Getúlio Vargas.