Política

Para Moro, ministros do STF devem estar 'frustrados' por atuação 'desvirtuada'

A função do Supremo é discutir questões constitucionais e não ficar se debruçando sobre questões concretas

Para Moro, ministros do STF devem estar ‘frustrados’ por atuação ‘desvirtuada’ Para Moro, ministros do STF devem estar ‘frustrados’ por atuação ‘desvirtuada’ Para Moro, ministros do STF devem estar ‘frustrados’ por atuação ‘desvirtuada’ Para Moro, ministros do STF devem estar ‘frustrados’ por atuação ‘desvirtuada’
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

O juiz federal Sérgio Moro afirmou nesta terça-feira, 24, que os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) devem estar frustrados pelo fato de julgarem processos fora das questões constitucionais, durante o Fórum Estadão Lava Jato e Mãos Limpas, realizado no auditório do Grupo Estado. “É um desvirtuamento do STF ter que se preocupar com questões concretas. A função do Supremo é discutir questões constitucionais e não ficar se debruçando sobre questões concretas. Imagino a frustração de um ministro, querendo decidir questões para toda a sociedade e em vez disso ter de ficar discutindo busca e apreensão”, disse.

Ele também defendeu uma revisão do alcance do foro privilegiado. “Essa questão transcende a Lava Jato”, afirmou Moro.

Segundo ele, a sociedade tem de refletir se o instrumento está funcionando ou não e, se não, se deve ser mudado. “Nenhuma instituição é perene.”

O fórum é uma realização do Grupo Estado em parceria com o Centro de Debates de Políticas Públicas (CDPP).

Moro saiu em defesa das prisões após condenações proferidas em segunda instância. “Justiça sem fim é Justiça nenhuma.” Em julgamento realizado em 2016, o Supremo Tribunal Federal admitiu a execução da pena antes de se esgotarem todos os recursos possíveis aos condenados.

No entanto, ministros do Supremo têm feito afirmações no sentido de rever a decisão. Em manifestação recente à Corte, a Advocacia-Geral da União (AGU) argumentou que a pena somente deve ser executada depois de esgotados todos os recursos da defesa, o chamado trânsito em julgado.

Moro disse achar “prematuro afirmar que o Supremo pode mudar a questão da prisão em segunda instância”. “Alguns ministros podem mudar de opinião… mas acho que existe uma expectativa da sociedade, da imprensa, de que isso não mude. E não tem nada a ver com Lava Jato”, afirmou.

Poderosos soltos

Presente no mesmo evento no Grupo Estado, o procurador da força-tarefa da Operação Lava Jato Deltan Dallagnol afirmou que o Supremo Tribunal Federal “solta e ressolta corruptos e poderosos”.

Deltan afirmou que “é possível que continue a existir lavagem de dinheiro em grandes proporções pelos meios tradicionais”.

Ele criticou a possibilidade de revisão, por ministros do Supremo Tribunal Federal, de decisão em que a Corte admitiu que condenados em segunda instância comecem a cumprir pena. “O dinheiro continua circulando em malas anos depois do início da Lava Jato. Regras são gestadas no Congresso Nacional para beneficiar políticos. Ministros do Supremo soltam e ressoltam corruptos poderosos. Regras estão sendo gestadas no Supremo Tribunal Federal que implicarão enormes retrocessos na luta contra a corrupção.”