Política

Para relator no STF, criação do juiz de garantias cabe aos tribunais

Para relator no STF, criação do juiz de garantias cabe aos tribunais Para relator no STF, criação do juiz de garantias cabe aos tribunais Para relator no STF, criação do juiz de garantias cabe aos tribunais Para relator no STF, criação do juiz de garantias cabe aos tribunais

O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou para aplicar interpretação conforme à Constituição à lei que criou o juiz de garantias. Com isso, ele defendeu que o modelo que divide a ação penal entre dois juízes não é inconstitucional, mas destacou que sua implementação não pode ser obrigada pelo Congresso.

No seu voto, Fux propõe que deve caber aos tribunais “decidir sobre a oportunidade e o modo de instalação das varas ou juizados de garantia, sem previsão de impedimento”.

A lei aprovada pelo Congresso em 2019 estabelece que o juiz fica impedido de atuar como juiz de instrução e julgamento se praticar atos da competência do juiz das garantias. Essa regra foi criticada por Fux.

“A regra de impedimento do juiz de garantias encontra-se maculada de inconstitucionalidade acachapante. Apesar da sutileza da sua aparência enganosa, trata-se de regra verdadeiramente bombástica, apta a gerar a completa desorganização do sistema de justiça criminal brasileiro”, criticou Fux.

Ele sustentou que a separação entre o juiz do inquérito e da ação penal “mal disfarça” a criação de uma nova instância na Justiça, o que não está entre as competências do Legislativo.

Para o ministro, o juiz das garantias nos moldes da lei questionada “não passa de um nome sedutor para uma cláusula que atentará contra a concretização da garantia constitucional da duração razoável dos processos e do acesso à Justiça”.

O ministro Dias Toffoli reforçou nesta sessão seu pedido de vista. Ele se comprometeu a devolver o processo até agosto. A ministra Rosa Weber, presidente da Corte, sinalizou que pautará a ação logo após o retorno do recesso. O novo ministro indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Cristiano Zanin, tomará posse em 3 de agosto e deve participar do julgamento.

A figura do juiz de garantias faz parte do “pacote anticrime” aprovado pelo Congresso e sancionado pelo então presidente Jair Bolsonaro. A criação do modelo foi suspensa por Fux no início de 2020. Na prática, a mudança dividiria a responsabilidade na análise de processos criminais entre dois magistrados: um acompanha a investigação e autoriza diligências (o juiz de garantias), e o outro julga o réu.