Política

Paulo Teixeira (PT) confronta Moro na comissão do novo Código de Processo Penal

Paulo Teixeira (PT) confronta Moro na comissão do novo Código de Processo Penal Paulo Teixeira (PT) confronta Moro na comissão do novo Código de Processo Penal Paulo Teixeira (PT) confronta Moro na comissão do novo Código de Processo Penal Paulo Teixeira (PT) confronta Moro na comissão do novo Código de Processo Penal

Brasília – O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) confrontou o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato de Curitiba, durante sua participação na comissão que analisa o novo Código de Processo Penal. Ao defender uma legislação para o abuso de autoridade, o petista disse que o Congresso quer evitar que juízes façam política partidária e não inibir a magistratura. Ele acusou Moro de cometer irregularidades na quebra de sigilo telefônico da ex-presidente Dilma Rousseff e na condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Vossa Excelência não acha que perdeu a imparcialidade nesse processo depois da foto com o Aécio Neves?”, questionou o petista. Teixeira disse que a Casa tem compromisso no combate à corrupção. “Nós queremos um combate à corrupção republicano, respeitoso com a Constituição”, afirmou.

Teixeira disse que o vazamento da interceptação telefônica da ex-presidente foi ilegal e que o ex-ministro Teori Zavascki condenou a quebra de sigilo. O deputado seguiu perguntando se “no contexto de um golpe parlamentar”, se Moro queria “contribuir para a derrubada da presidente Dilma”. Teixeira afirmou que a condução coercitiva de Lula poderia ter sido evitada se houvesse um ofício solicitando seu depoimento. Ele também criticou a condução coercitiva do jornalista Eduardo Guimarães. “Não aceitamos a corrupção da Constituição”, finalizou.

Na mesma linha de embate, o deputado Wadih Damous (PT-RJ) usou um tom provocativo e disse que talvez esteja ensinando Direito Penal errado para seus alunos, já que há “um direito construído na República de Curitiba” diferente do que é lecionado nas universidades. “Essa perplexidade é geral”, comentou.

Damous saudou o juiz federal de São Paulo, Silvio Rocha, e disse que ele “é um dos muitos juízes que têm apego na Constituição e nos direitos e garantias individuais”. “Nosso Direito está sendo simplesmente pulverizado em nome de um chamado bem maior”, emendou. Na sequência, Damous perguntou se Moro participou de laboratório de interpretação com o ator Marcelo Serrado, que atua no filme em produção “A Lei É Para Todos”. Serrado faz o papel de Moro no cinema.

Durante as perguntas, Moro evitou encarar os petistas. Ele ainda não respondeu às perguntas.

Dificuldade

Na audiência que analisa a reforma do Código de Processo Penal (CPP), Moro apontou algumas fragilidades que ao seu ver devem ser sanadas antes de sua aprovação.

Para Moro, um ponto a ser aprimorado é a proposta de criação da figura do juiz de garantias. “Tenho dúvidas se é algo que se justifique ou que vai trazer maiores complicações”, afirmou.

O juiz explicou que a figura do juiz de garantias é proveniente do direito europeu no qual existe o juiz de instrução que é quase um superdelegado com atuação ativa. Segundo Moro, há uma diferença na atuação do juiz brasileiro e do europeu e que, na prática, a proposta sobre o juízo de garantias pode ser complicada porque vai obrigar a duplicação do número de juízes criminais nas comarcas.

Moro ainda apontou a necessidade do Congresso ficar atento a novas jurisprudências criadas no Supremo Tribunal Federal (STF), como a possibilidade de prisão após julgamento na segunda instância.

Outro ponto abordado foi sobre a nova redação das normas sobre a interceptação telefônicas. Para Moro, é necessário apontar a possibilidade de um limite temporal de interceptação maior que 120 dias em casos de Crimes permanentes e habituais.