Política

Planalto quer que Congresso adie análise de vetos presidenciais

Após almoçar com o vice-presidente Michel Temer, Cunha defendeu que não se derrube o veto ao reajuste dos servidores do Judiciário. O reajuste cria despesa de R$ 25,7 bilhões até 2018

Planalto quer que Congresso adie análise de vetos presidenciais Planalto quer que Congresso adie análise de vetos presidenciais Planalto quer que Congresso adie análise de vetos presidenciais Planalto quer que Congresso adie análise de vetos presidenciais
A estratégia do governo é tentar impedir a votação esvaziando o quórum da reunião Foto: Divulgação

Brasília – O Planalto decidiu trabalhar para adiar, mais uma vez, a sessão de apreciação de 32 vetos presidenciais prevista para esta terça-feira, 22, no Congresso. A estratégia foi definida na reunião da coordenação política do governo na manhã de ontem com a presença da presidente Dilma Rousseff, ministros e líderes governistas. O receio é de que a derrubada dos vetos possa custar, conforme dados do próprio governo, pelo menos R$ 127,8 bilhões até 2019.

Na reunião, o líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), sugeriu à presidente que mobilize a base para tentar adiar a sessão do Congresso. Interlocutores do governo decidiram então deflagrar uma operação para impedir que haja quórum suficiente para a realização da sessão conjunta de deputados e senadores. A ação envolve parlamentares, lideranças partidárias e até os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

“Nós deveríamos trabalhar para ter um tempo maior para votar esses vetos no Congresso. A coisa mais cautelosa seria adiar essa reunião do Congresso de amanhã (terça-feira) para que a gente tenha aí um sucesso”, disse Delcídio. Para o senador, é preciso ter muita cautela porque uma eventual derrubada dos vetos poderia ter impactos na política e na economia.

Após almoçar com o vice-presidente Michel Temer, Cunha defendeu que não se derrube o veto ao reajuste dos servidores do Judiciário. O reajuste cria despesa de R$ 25,7 bilhões até 2018. “Eu acho que, concretamente, não deve se derrubar esse veto. Seria uma atitude de colocar mais gasolina na fogueira. É acender fósforo no tanque gasolina. Não sou partidário disso.” Para ele, a sessão do Congresso deveria ser adiada.

À tarde, Dilma se reuniu no Palácio do Alvorada com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o líder do PMDB na Casa, Eunício Oliveira (CE). Disse a ambos, sobre a votação dos vetos, que, uma vez derrubados, “o país fica ingovernável do ponto de vista fiscal”. No encontro também lhes pediu para segurar a votação. Os peemedebistas sinalizaram a ela que vão atuar para negociar saídas para impedir a apreciação das propostas. A avaliação do PMDB é de que há vetos que tem impacto semelhante ao esforço que o governo quer fazer para sair do déficit no Orçamento de 2016 de 0,5% do PIB para atingir um superávit de 0,7%.

Para derrubar qualquer um dos vetos da pauta, são necessários o voto de pelo menos 257 deputados e 41 senadores conjuntamente. A estratégia do governo é tentar impedir a votação esvaziando o quórum da reunião ou até mesmo atuar para postergar ao máximo a reunião da Câmara ou do Senado de forma a impedir, regimentalmente, a realização da sessão do Congresso.

Líderes

À noite, na saída da reunião com o ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, novo articulador do governo, líderes da base aliada foram unânimes em defender a necessidade da manutenção dos vetos. “Ninguém quer tocar fogo na economia brasileira. Em condições normais não poderíamos derrubar, ainda mais na situação atual”, disse o líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE), que destacou o esforço de Dilma na busca pelo diálogo com as lideranças.

Para o líder do PSC, deputado Silvio Costa (PE), os vetos têm de ser mantidos porque “não podemos correr o risco de ver o País quebrar”. Para ele, se houver quórum hoje, “a gente corre o risco de começar a ter uma espécie de Grécia no Brasil e não podemos deixar que isso aconteça”.

O líder do PSD, Rogério Rosso (DF), por sua vez, classificou a votação dos vetos, se ela ocorrer hoje, como “a mais difícil dos últimos tempos” e prometeu trabalhar para que ela seja adiada, para que não haja riscos. (Colaborou Tânia Monteiro)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.