
O Podemos, partido que no Estado é presidido pelo deputado federal Gilson Daniel, realiza neste sábado (13) um encontro estadual e anuncia um pacote de filiações de peso visando às eleições do ano que vem.
Entre os nomes que serão anunciados, estão: os deputados estaduais Fabrício Gandini (PSD) e Dr. Bruno Resende (União); a secretária estadual de Trabalho e Assistência Social, Cyntia Grillo, o presidente do Incaper, Alessandro Broedel; e o vice-prefeito de Muqui, José Marcos de Castro – recém-saído do PSDB.
Todos devem assinar a ficha de filiação amanhã (13), com exceção dos deputados, que só trocam de partido na próxima janela partidária, em março. Mas o martelo já foi batido.
O plano é que Dr. Bruno e Broedel integrem a chapa federal, ao lado de Gilson Daniel – que é candidato à reeleição –, da ex-deputada Lauriete e da ex-vice-prefeita de Vitória Capitã Estéfane, entre outros nomes.
Já Gandini e Cyntia entram na legenda para formar a chapa estadual, juntamente com os deputados estaduais Alexandre Xambinho e Allan Ferreira, entre outros.
A costura para as novas filiações contou, por óbvio, com as articulações de Gilson Daniel. Mas, nos bastidores, também teria uma digital do governo do Estado.
Já é de conhecimento público que os partidos da base aliada contam com a ajuda do governo para formar suas chapas. Mas, especificamente na construção dos novos quadros do Podemos, alguns pontos chamam a atenção.
Anúncio após foto emblemática

Gandini já vinha planejando há algum tempo uma mudança partidária.
Vice-líder do governo na Ales, o deputado já estava desconfortável no PSD, que não faz parte da base aliada, abriga adversários de Casagrande e cogita coligar com o Republicanos, que tem o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini, como pré-candidato ao governo.
Embora o presidente estadual do PSD – o prefeito de Colatina, Renzo Vasconcelos – tenha feito nos últimos dias alguns gestos de aproximação ao Palácio Anchieta, não há certezas ainda sobre o rumo do partido e nem se a palavra final sobre isso caberá ao prefeito.
Na eleição do ano passado, o PSD apoiou a reeleição Pazolini, o que já deixou Gandini numa saia-justa – os dois são adversários desde 2020 quando disputaram a Prefeitura de Vitória.
Porém, a eleição do ano que vem é estadual e o constrangimento seria muito maior se Gandini permanecesse num partido que corre o risco de estar no mesmo palanque que o seu adversário político.
Gandini quer continuar na base de Casagrande. Como ele declararia apoio aos candidatos do governo estando num palanque de oposição?
Somado a isso, ontem foi amplamente divulgado um encontro entre o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, e Pazolini. O registro do encontro, que mostra um cumprimento efusivo entre o dirigente e o prefeito, também teria reforçado a decisão do deputado de deixar a legenda.
O Podemos, por sua vez, já firmou compromisso com a eleição de Casagrande ao Senado e do vice-governador Ricardo Ferraço (MDB) ao governo, o que torna a vida de Gandini mais fácil.
Há também o cálculo político. Deputados hoje fazem contas para definir em qual chapa terão uma condição mais favorável à reeleição. Uma chapa é considerada “favorável” quando há equilíbrio entre os membros, ou seja, quando todos têm aproximadamente a mesma estatura eleitoral.
“Por razões estratégicas e pela afinidade com as pautas defendidas pelo Podemos nos âmbitos estadual e federal, decidi me filiar ao novo partido, no momento definido pela legislação eleitoral. Aproveito para agradecer ao presidente estadual do PSD, o prefeito de Colatina, Renzo Vasconcelos, pelo apoio nesses dois anos de filiação”, disse Gandini, em nota.
Apoio a desafeto do prefeito

A mãozinha do governo do Estado indicando nomes da base para compor o partido de Gilson Daniel também ocorre num momento emblemático.
Na semana passada, sem combinar com o governo, o prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo, assumiu o PSDB estadual, destituindo o então presidente, deputado Vandinho Leite, que é líder do governo na Assembleia.
A articulação do prefeito – que buscou comandar um partido de médio porte para ter condições de tocar sua pré-candidatura ao governo do Estado – gerou mal-estar na base aliada.
E, por mais que o governo tenha dado declarações de que não iria se envolver por se tratar de um assunto partidário interno, os aliados têm pressionado.
Aliados de Arnaldinho suspeitam que, além de Vandinho, o governo do Estado estaria por trás do esvaziamento do PSDB, com a desfiliação em massa de prefeitos e vice-prefeitos. Ainda mais após um dos vices anunciar que se filiará ao Podemos.
Pode ser apenas coincidência, mas como nada passa batido na política, a leitura que o mercado está fazendo desse anúncio amanhã de filiações de peso do Podemos – que teria contado com a ajuda do governo – é que seria um recado a Arnaldinho.
Não custa lembrar que o prefeito deixou o Podemos após muitas desavenças com Gilson Daniel. Gilson é aliado de Casagrande, mas também é desafeto de Arnaldinho.
Em tempo
O Podemos anunciou que o deputado federal Victor Linhalis (Podemos) estaria presente no encontro estadual, mesmo ele tendo anunciado que irá se filiar ao PSDB no ano que vem.

Uma foto do deputado foi até postada na página do Instagram do partido entre as lideranças confirmadas. Porém, a assessoria do deputado disse que ainda não há definição sobre a presença dele no evento.
Em tempo II
O jornalista Philipe Lemos também está entre os confirmados do evento do Podemos. Há muito tempo ele é cotado para entrar na legenda e também disputar a Câmara Federal. O livro de assinaturas para pré-candidaturas estará aberto amanhã. A conferir.
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