Política

Praça no RJ terá busto de Rubens Paiva

Praça no RJ terá busto de Rubens Paiva Praça no RJ terá busto de Rubens Paiva Praça no RJ terá busto de Rubens Paiva Praça no RJ terá busto de Rubens Paiva

Rio de Janeiro – A praça Lamartine Babo, na rua Barão de Mesquita, na Tijuca, zona norte do Rio, que fica em frente ao 1º Batalhão de Polícia do Exército, onde funcionou o principal centro de torturas no Estado durante a ditadura militar, vai receber na sexta-feira (12) um busto do ex-deputado federal e engenheiro Rubens Paiva. Ele ficou preso e foi assassinado nas dependências do Departamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) da Barão de Mesquita em 1971, mas seu corpo nunca foi encontrado.

A homenagem, autorizada pela prefeitura, é uma iniciativa do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge-RJ). O autor do busto é o escultor Edgar Duvivier, de 59 anos, que tem outras obras espalhadas pela cidade, como estátuas da Princesa Isabel, do jogador Garrincha e do ex-governador Leonel Brizola. O artista diz que se baseou em fotografias enviadas pela família do ex-deputado. “As pessoas dizem que o Rubens Paiva era muito alegre e brincalhão. Procurei retratar isso na fisionomia dele. É uma homenagem muito importante. Ele precisa ser lembrado para que isso nunca mais aconteça”, diz Duvivier.

O busto de bronze pesa 20 quilos e ficará em cima de um pedestal de granito com 1,60 metro de altura – ao todo, a peça terá pouco mais de 2 metros. Duvivier afirmou que o busto será “chumbado com reforço, de forma que seja muito difícil de tirar”. O presidente do Senge-RJ, Olimpio Alves dos Santos, disse temer “provocações” de setores militares e pediu ajuda da prefeitura na preservação do monumento. “É claro que nós temos preocupação com possíveis provocações, mas esperamos que isso não ocorra. Recebemos autorização para colocar o busto e já pedimos um reforço da Guarda Municipal”, diz Santos. Segundo ele, o resgate da memória política do País é uma forma de afirmar a história de lutas do povo. O engenheiro destacou ainda obras e projetos de Rubens Paiva que hoje são referências, como um conjunto habitacional na Pavuna, zona norte do Rio.

Foram convidados para a inauguração do busto, às 13 horas, parlamentares, representantes dos governos e de entidades como a Comissão da Verdade do Rio (CEV-Rio), o Grupo Tortura Nunca Mais e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Integrante da CEV-Rio, o jornalista e escritor Álvaro Caldas ficou preso e foi torturado no DOI-Codi da Barão de Mesquita em duas ocasiões, no início da década de 1970. “É importante que seja um ato da sociedade civil, que a homenagem não tenha sido pautada pela Comissão da Verdade. O DOI-Codi do I Exército foi o principal centro de tortura da ditadura no Rio e em todo o País, equivalente à Escola de Mecânica da Armada (EsMA), na Argentina, que foi transformada em museu”, diz Caldas, que voltou a visitar o quartel do Exército em setembro de 2013, junto a uma comitiva formada por parlamentares e integrantes de comissões da verdade.

“É um marco e uma conquista para nós que as pessoas conheçam a história sinistra desse lugar, que deveria ser tombado e transformado em centro de memória. Mas os comandos militares continuam contando com a conivência de governos civis e negando até hoje as torturas, mortes e prisões. A presidente Dilma Rousseff ficou hospedada na Barão de Mesquita. É uma coisa espantosa”, afirmou o integrante da CEV-Rio. Procurado, o Exército não se pronunciou.