
O presidente da Câmara de Vitória, Anderson Goggi, recebeu sinal verde do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) para deixar seu partido, o PP, sem o risco de perder o mandato.
Goggi ingressou na Justiça Eleitoral com um pedido de autorização para se desfiliar do partido. O cuidado não é à toa: o mandato pertence à legenda, e a troca de sigla sem justa causa pode resultar na perda do cargo por infidelidade partidária.
Na última segunda-feira, o pleno do TRE, por unanimidade, aprovou a solicitação de Goggi, que integra as fileiras do PP desde 2022, com passagem, inclusive, pela vice-presidência da legenda em Vitória.
Procurado, Goggi não retornou aos contatos da coluna e sua assessoria informou que ele não falaria com a imprensa.
“Sem fio desencapado”

O secretário-geral do PP no Espírito Santo, Marcos Delmaestro, informou que o partido deu carta de anuência para Goggi e que sua saída da legenda foi acordada.
“Goggi é um correligionário, um amigo. Sua saída foi tranquila, aprovada pelo partido, não tem fio desencapado. O PP deu a carta de anuência para ele”, afirmou Delmaestro.
Questionado sobre o motivo alegado por Goggi para deixar a legenda, Delmaestro afirmou que seria por conta do “peso” da chapa para a disputa à Assembleia no ano que vem.
O PP vai federar com o União Brasil e os dois partidos, juntos, contam atualmente com seis deputados estaduais.
“Ele está querendo ser candidato a deputado estadual e quer ter liberdade para fazer a escolha partidária. A nossa chapa está bem pesada. Ele pediu e a gente liberou”, afirmou Delmaestro, lembrando que a próxima janela para trocas partidárias não contempla vereadores.
Partido perde o comando da Câmara
Além de reduzir o tamanho da bancada na Câmara de Vitória – o PP elegeu três vereadores e agora perde um –, o partido também perderá o comando do Legislativo.
Nos bastidores, a articulação para que a legenda ficasse com o comando da Câmara de Vitória teria começado ainda na pré-campanha municipal do ano passado.
Com peso suficiente para reforçar e influenciar diretamente a campanha à reeleição do prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), o PP teria colocado na mesa a intenção de indicar o vice na chapa e, ainda, assumir o comando do Legislativo.
A proposta foi aceita, e Cris Samorini (PP) acabou escolhida para compor a vice de Pazolini. Já Goggi, o nome do partido para a presidência da Câmara, teria sido consolidado após a eleição, por ser o mais experiente entre os três vereadores eleitos — ele está no segundo mandato.
Questionado sobre a perda do comando, o dirigente lamentou: “É, a gente fez um projeto… Mas, é o desejo dele sair do PP, precisa ser respeitado”.
Vai para o Republicanos?
Goggi não revelou publicamente em qual partido irá se filiar após deixar o PP. Mas, pessoas próximas ao presidente apostam que ele deve ingressar no Republicanos.
Aliado de primeira hora de Pazolini, Goggi tem tido um canal aberto com a sigla do prefeito – segundo interlocutores do Republicanos. “Há uma possibilidade muito grande, eu diria que 99% de chances dele vir”, disse um republicano. “Estamos construindo isso”, disse outro.
Goggi, porém, deve bater o martelo mais adiante, quando o desenho das chapas partidárias estiver mais definido.
Embora tenha proximidade e alinhamento com o Republicanos, o vereador quer garantias de que terá espaço e chance de ser eleito deputado estadual e deve fazer ainda muitos cálculos antes de definir seu futuro abrigo partidário.
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