O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), assinou, junto à Mesa Diretora, uma representação contra o deputado federal Gilvan da Federal (PL) no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar por “proferir manifestações gravemente ofensivas e difamatórias” contra a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado na terça-feira (29).
No documento, apresentado na noite da quarta-feira (30), a Mesa Diretora da Câmara pediu a suspensão cautelar do mandato de Gilvan por seis meses, com base em declarações do deputado em sessão com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski.
A reportagem procurou a assessoria de imprensa do deputado representado, mas não obteve resposta.
A peça sustenta que o deputado do PL ofendeu Gleisi Hoffmann ao associá-la ao apelido de “amante”, em referência a uma denominação atribuída à petista que, supostamente, teria sido utilizada para obtenção de benefícios da Odebrecht.
O parlamentar também usou a palavra “prostituta” ao fazer a declaração.
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Gilvan fez alusão à “lista da Odebrecht”, da Operação Lava Jato, em 2016. Na “super planilha”, Gleisi constava entre 279 políticos e 22 partidos, por supostamente ter recebido valores da empresa.
O caso resultou em uma denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Gleisi por corrupção passiva e lavagem de dinheiro envolvendo a construtora.
Porém, em 2023, o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou a denúncia, por entender que a peça não apresentou evidências nem comprovou as acusações. A própria PGR mudou o posicionamento inicial e reconheceu ausência de justa causa.
Na Comissão da Câmara, o deputado bolsonarista também se referiu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva como “ex-presidiário”, disse que o diretor da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, é “petista” e provocou o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ).
“Eu estive na Polícia Federal nessa época em que esse ex-presidiário (o presidente Luiz Inácio Lula da Silva) foi preso pela Polícia Federal. Choviam ataques à Polícia Federal do pessoal do PT. Por exemplo, da senadora Gleisi Hoffmann. Atacava a Polícia Federal o tempo inteiro. Hoje, estão elogiando a Polícia Federal porque nós temos um diretor petista”, declarou Gilvan.
Segundo a representação, “além da honra e da imagem da ministra Gleisi Hoffmann, a honra objetiva do Parlamento foi inegavelmente maculada pela conduta do representado”.
A Mesa Diretora também diz que “as falas do representado excederam o direito constitucional à liberdade de expressão, caracterizando abuso das prerrogativas parlamentares, além de, repise-se, ofenderem a dignidade da Câmara dos Deputados, de seus membros e de outras autoridades públicas”.
Na rede social X (antigo Twitter), Lindbergh anunciou na tarde de quarta que ingressaria no Conselho de Ética e afirmou que “este parlamentar e alguns bolsonaristas, para lacrar e criar cortes para redes sociais, ficam o tempo inteiro criando confusão”.
A bancada feminina do PT também publicou uma nota em que manifesta “repúdio aos ataques misóginos e criminosos proferidos pelo deputado Gilvan da Federal contra a ex-presidenta nacional do PT, deputada e ministra Gleisi Hoffmann”.
*Com informações do jornal O Estado de S. Paulo.