Política

Presidente do BC afirma que juros são remédio para período de crise

A senadora Rose de Freitas, que preside a Comissão Mista de Orçamento recebeu o presidente do Banco Central, não poupou críticas aos cortes orçamentários feitos na saúde e educação

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Tombini esteve na Comissão Mista do Orçamento nesta terça-feira. Foto: Divulgação

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou nesta terça-feira (26) que os juros são um remédio para o momento da economia brasileira que passa por ajustes. Ele foi ouvido na Comissão Mista de Orçamento, que é presidida pela senadora Rose de Freitas (PMDB-ES).

Atualmente, a taxa básica de juros (Taxa Selic) está em 13,25% ao ano, o maior patamar em seis anos. Desde outubro de 2014, a taxa avançou por cinco reuniões consecutivas do Comitê de Política Monetária (Copom). E a previsão do mercado financeiro é de uma nova alta na taxa Selic, para 13,75% ao ano.

Para o presidente do BC, a economia brasileira está em fase de transição, com a contração dos indicadores econômicos no curto prazo, como o investimento, que deve cair em 2015. Esse movimento, de acordo com ele, é necessário para a construção “de uma base mais sólida para a retomada do crescimento”.

Tombini compareceu à Comissão Mista de Orçamento para falar sobre o cumprimento das metas das políticas monetária (inflação e juros), creditícia e cambial, uma exigência da Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar 101/00).

Ele passou mais de quatro horas respondendo perguntas dos parlamentares. Ele afirmou ainda que o Banco Central irá “manter a política monetária vigilante”. “Com essa postura consistente com o quadro de ajustes da política macroeconômica, conseguiremos assegurar a convergência da inflação para a meta de 4,5% em dezembro de 2016”, disse. 

Para este ano, a previsão é que a inflação deve somar 8,2% e, com isso, estourar o teto do sistema de metas de inflação brasileiro.

A senadora Rose de Freitas (PMDB-ES) avaliou que o atual cenário da economia é bastante delicado e crítico, e que o governo deve buscar soluções “que nos levem à retomada da confiança dos trabalhadores, empresários e investidores”. Rose não poupou críticas aos cortes orçamentários feitos pelo governo nas áreas de saúde e educação. “É preciso reverter esse cenário”, defendeu.

O tema mais polêmico da audiência, como esperado, foi a maquiagem fiscal, as chamadas “Pedaladas Fiscais”. 

Questionado pelos parlamentares da oposição, Tombini disse que uma supervisão de rotina do Banco Central realizada em 2013, na Caixa Econômica Federal, flagrou o uso de recursos do próprio banco para o pagamento de benefícios sociais, como o Bolsa Família e seguro-desemprego, que são de responsabilidade da União.

Esse procedimento da Caixa, que posteriormente ficou conhecido como “pedalada fiscal”, se tornou público após auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU). 

O TCU explicou que o Banco do Brasil e o BNDES também teriam usado recursos próprios para financiar o Tesouro. Ao fazer isso, o governo teria economizado recursos temporariamente, inflando o saldo do resultado primário. A Lei de Responsabilidade Fiscal, no entanto, proíbe que os bancos públicos financiem o Tesouro Nacional.