Política

Procuradores rebatem Segovia sobre arquivamento de inquérito contra Temer

Procuradores rebatem Segovia sobre arquivamento de inquérito contra Temer Procuradores rebatem Segovia sobre arquivamento de inquérito contra Temer Procuradores rebatem Segovia sobre arquivamento de inquérito contra Temer Procuradores rebatem Segovia sobre arquivamento de inquérito contra Temer

Brasília – A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) publicou uma nota neste sábado, 10, contrariando as afirmações do diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia. Em entrevista à Reuters nessa sexta-feira, 9, Segovia disse que a tendência da PF é recomendar o arquivamento do inquérito contra o presidente Michel Temer no caso do Decreto dos Portos. As declarações causaram reações negativas como o pedido de intimação feito pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Roberto Barroso, e nota de entidades de delegados de SP, para os quais a sugestão de que a postura do delegado Cleyber Malta Lopes poderia ser investigado é ‘inaceitável’.

“Não cabe a um diretor-geral dar resultados sobre uma investigação antes dos policiais responsáveis. E muito menos quando a investigação está submetida à Procuradoria-Geral da República (PGR) e ao Supremo Tribunal Federal (STF) e envolve seu superior, o presidente da República”, diz a nota. Em outras palavras, a ANPR indicou que apenas Raquel Dodge poderia afirmar o que Segovia disse na entrevista. Para os procuradores, as declarações desrespeitaram a própria Polícia Federal, que é um órgão de Estado, e não de governo: “O trabalho policial tem de ser e deve permanecer técnico e independente”.

A ANPR lembrou que a investigação do Decreto dos Portos é supervisionada pelo Ministério Público, “como são todas, que é o destinatário da prova a avaliará o momento e decidirá na apresentação ao Poder Judiciário pelo arquivamento ou denúncia”. Veja a nota na íntegra:

Brasília (10/02/2018) – A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) vem a público lamentar as declarações do diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segóvia, à agência de notícias Reuters, sobre o inquérito que trata do decreto do presidente da República, Michel Temer, para a área portuária.

Em esclarecimentos feitos ontem, 9, já alertávamos para que não cabe a um diretor-geral dar resultados sobre uma investigação antes dos policiais responsáveis. E muito menos quando a investigação está submetida à Procuradoria-Geral da República (PGR) e ao Supremo Tribunal Federal (STF) e envolve seu superior, o presidente da República.

“Quando o País se vê diante do espetáculo dantesco de um diretor geral de polícia dando declarações no lugar dos responsáveis por uma investigação percebe-se que é sorte para a sociedade brasileira que quem determina se um inquérito policial terá proposta de arquivamento, ou se a investigação continuará em busca de novas diligências não é a polícia, e sim o Ministério Público”, dissemos.

As declarações de Segóvia desrespeitaram sua própria instituição e seus subordinados. A Polícia Federal é um órgão de Estado, e não de governo, e seus profissionais são sérios, técnicos e sempre terão o Ministério Público ao seu lado todas as vezes que sua independência técnica for colocada em risco. O trabalho policial tem de ser e deve permanecer técnico e independente.

A investigação é ainda supervisionada pelo Ministério Público, como o são todas, que é o destinatário da prova a avaliará o momento e decidirá na apresentação ao Poder Judiciário pelo arquivamento ou denúncia. Esse feito em particular, investigação envolvendo o presidente da República, é de atribuição exclusiva da Procuradora-Geral da República, e será Sua Excelência, e ninguém mais, representado a sociedade como ministério público, que determinará, na forma técnica e isenta de sempre: quando estarão prontas e terminadas as investigações, para submissão da matéria ao poder Judiciário.

A ANPR ressalta ainda sua inquebrantável confiança na Justiça e nas instituições brasileiras. O ministro do STF Luís Roberto Barroso, relator da matéria no Supremo, ao intimar o diretor geral da Polícia Federal a se explicar, comprovou uma vez mais que, mesmo em pleno sábado de carnaval, não apenas o Ministério Público está atento, mas há juízes e há justiça em Brasília e no Brasil.

José Robalinho Cavalcanti

Procurador Regional da República

Presidente da ANPR”