Um projeto de lei aprovado na Câmara Municipal de Vitória na terça-feira (2) está causando polêmica e discordância entre vereadores da Capital. O Projeto de Lei 243/2025, do vereador Luiz Emanuel (Republicanos), dispõe sobre a obrigatoriedade de afixação de cartazes ou placas informativas sobre aborto nas unidades hospitalares, instituições de saúde, clínicas de planejamento familiar e outros estabelecimentos relacionados à saúde em Vitória.
Os cartazes devem conter os seguintes dizeres: “Aborto pode acarretar consequências como infertilidade, problemas psicológicos, infecções e até óbito”; “Você sabia que o nascituro é descartado como lixo hospitalar?”; e “Você tem direito a doar o bebê de forma sigilosa. Há apoio e solidariedade disponíveis para você. Dê uma chance à vida!”.
A vereadora Ana Paula Rocha (Psol) disse que discorda da lei e que ela gera desinformação. “Tem uma série de informações equivocadas, como, por exemplo, que o feto é jogado no lixo. Na prática, essa lei é mais um dispositivo para dificultar o acesso das mulheres e meninas ao aborto legal. A lei se baseia no discurso do medo e prejudica as mulheres vítimas de violência”, defendeu a vereadora.
A reportagem não conseguiu contato com o autor do projeto, mas em uma rede social, o vereador defendeu a iniciativa, mesmo diante das críticas. “Um projeto simples, humano e responsável: garantir que toda mulher que cogite o aborto receba informações claras e verdadeiras sobre os riscos físicos, emocionais e psicológicos dessa prática”, declarou Luiz Emanuel.
A matéria segue para ser sancionada ou vetada pelo Executivo Municipal. A Prefeitura de Vitória informou que recebeu o projeto de lei nesta quarta-feira (3) e tem prazo de 15 dias úteis para apreciação.
Quatorze vereadores votaram a favor e quatro contra o projeto.
Votaram a favor:
Aloísio Varejão (PSB);
André Brandino (PODE);
Aylton Dadalto (Republicanos);
Baiano do Salão (PODE);
Camillo Neves (PP);
Dalto Neves (SDD);
Dárcio Bracarense (PL);
Davi Esmael (Republicanos);
João Flávio (MDB);
Leonardo Monjardim (Novo);
Luiz Emanuel (Republicanos);
Luiz Paulo Amorim (PV);
Mara Maroca (PP);
Maurício Leite (PRD).
Votaram contra:
Ana Paula Rocha (PSOL);
Raniery Ferreira (PT);
Pedro Trés (PSB);
Professor Jocelino (PT).
Os vereadores Bruno Malias (PSB) e Armandinho da Federal (PL) não estavam presentes.
O presidente Anderson Goggi (PP), pelo regimento interno, não vota.
Aborto legal
Atualmente no Brasil, o Código Penal e a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 54 permitem a interrupção da gravidez em três situações: quando ela é decorrente de estupro e estupro de vulnerável; quando há risco de vida para a mulher; e em caso de anencefalia fetal.